A República Centro-Africana está a ter dificuldades para enfrentar a Covid 19. O ministro da saúde diz que não entende como é que parte do mundo pode ter milhões de testes enquanto outros não têm quase nada.
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Com 63% da população a precisar de ajuda humanitária e 25% a viver em campos de refugiados, o país não sabe ao certo quantos casos do novo coronavirus tem.
Os testes são praticamente inexistentes e Bangui queixa-se da falta de solidariedade do resto do mundo.
A União Europeia disponibilizou, até agora, pouco mais de 60 milhões de euros para que o governo possa combater a pandemia e enviou diverso material médico.
O ministro da saúde queixa-se, no entanto, que faltam muitos bens essenciais e em especial testes. "Não estamos na lista de países prioritários e por isso não temos qualquer possibilidade de acesso a bens. A Organização Mundial de saúde encomendou provisões, equipamento e testes mas continuamos à espera."
Na conferência de imprensa da OMS África, Pierre Somse admitiu que não aceita o facto de a escassez de material ser justificado com a competição global, "não consigo entender! Continuamos a ouvir falar do Reino Unido, e de outros países iguais, que fazem milhares e até milhões de testes por dia. Aqui só fazemos cem, no máximo duzentos. Estamos na miséria quanto a testes".
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O ministro da saúde da República Centro-Africana diz que só têm acesso aos donativos chineses. Sem essa ajuda a situação seria ainda mais difícil. Somse admite que é complicado ter uma visão geral da situação no país. A República Centro-Africana tem usado o testes estrategicamente e por isso só tem uma pequena ideia do que se passa.
O estado africano tenta a todo o custo ter acesso aos testes mas já está também preocupado com as vacinas. "Já manifestámos a nossa vontade de termos acesso à vacina, mal ela esteja disponível. Infelizmente como temos tido tantas dificuldades em conseguir abastecimentos básicos, não tenho razão para crer que a situação com as vacinas seja diferente," lamentou Pierre Somse.
A organização mundial de saúde reconhece que está também preocupada com o acesso dos países mais pobres às vacinas mas está a trabalhar com alguns parceiros para garantir que ninguém vai ficar para trás. A OMS diz que este é um dos casos em que a solidariedade é obrigatória.
Depois de quase uma década de guerra a República Centro-Africana enfrenta a ameaça de grupos extremistas. A ONU tem uma missão de proteção de civis no norte do país. Operação em que participam militares portugueses.
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