"Não cumpre o propósito para que foi criado." OMS defende reforma do Conselho de Segurança da ONU
Tedros Ghebreyesus lamenta a situação vivida na Faixa de Gaza, sublinhando que ele próprio já experienciou "a guerra como criança e como pai".
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O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) sublinhou este sábado, que o conflito ente Israel e o Hamas, reforça a "necessidade de reformar o Conselho de Segurança da ONU", afirmando que este organismo "já não cumpre o propósito para que foi criado".
"Foi para isso que este conselho foi criado: paz e segurança. Mas esta crise mostra, mais uma vez, a necessidade de reformar o Conselho de Segurança da ONU. Senti-me nostálgico quando entrei nesta sala porque me lembrei dos tempos em que era ministro dos Negócios Estrangeiros. A minha visão foi sempre de que o Conselho de Segurança já não cumpre o propósito para que foi criado", alertou Tedros Ghebreyesus, afirmando ainda que o Conselho de Segurança "representa a política da Segunda Guerra Mundial e não do século XXI".
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"Como ministro dos Negócios Estrangeiros fiz parte de um grupo que trabalhou na reforma do conselho de segurança", destaca, lamentando igualmente a situação vivida na Faixa de Gaza.
"Eu conheço a imagem da guerra. Eu sei o que a guerra significa. Quando a minha mãe ouvia tiros à noite, fazia-nos dormir debaixo da cama, com mais cobertores por cima da cama, na esperança de ficarmos protegidos, caso um bombardeamento atingisse a nossa casa. Era o instinto de uma mãe a proteger as crianças", contou.
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Tedros Ghebreyesus diz perceber "aquilo que os pais de Gaza estão a passar" porque, em 1998, quando a guerra à Etiópia, os seus filhos "tiveram de se esconder dos bombardeamentos num abrigo".
"Eu experienciei a guerra como criança e como pai. Eu sei como é que as crianças se estão a sentir e sei como é que os pais se estão a sentir. As crianças e os pais de Gaza e de Israel querem, e precisam, da mesma coisa que a minha família queria e precisava: paz e segurança", reforça.
O diretor-geral da OMS dá ainda conta de que nas últimas 48 horas "quatro hospitais ficaram inoperacionais" em Gaza, o que significa que se perderam 430 camas.
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"Mais de 100 colegas das Nações Unidas já morreram. E o número continua a aumentar. Enquanto estamos a falar, há relatos de tiroteios nas imediações dos Hospitais de Al-Shifa e Rantisi. Metade dos 36 hospitais de Gaza e 23 centros de cuidados primários não estão em funcionamento", sublinha, explicando ainda que aqueles que estão a funcionar "estão a operar para lá da sua capacidade".
"O sistema de saúde está de joelhos. Ainda assim, de alguma forma, continua a fornecer cuidados de saúde. A melhor forma de apoiar esses profissionais de saúde, e as pessoas que servem, é dar-lhes as ferramentas que precisam para esses cuidados de saúde", apela.
Os ataques israelitas ao hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza, intensificaram-se "dramaticamente" durante a noite, denunciou este sábado a Organização Não Governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF).