O diretor-geral dos hospitais de Gaza alerta que a unidade de cuidados intensivos pediátricos, onde se encontram 39 recém-nascidos, deixou de funcionar.
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O hospital Al-Shifa ficou sem eletricidade devido aos ataques israelitas, o que está a provocar a morte dos primeiros doentes, entre os quais um bebé prematuro, anunciou este sábado o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza.
"O Complexo Médico Al-Shifa de Gaza ficou sem água, combustível, alimentos, eletricidade e telecomunicações, com milhares de pessoas no seu interior, incluindo feridos, doentes e deslocados", afirma o Ministério da Saúde de Gaza num breve comunicado.
O diretor-geral dos hospitais de Gaza, Mohamad Zakut, alertou, em declarações aos jornalistas, que a unidade de cuidados intensivos pediátricos, onde se encontram 39 recém-nascidos, deixou de funcionar.
Anteriormente, o médico Munir al-Borsh, citado pelo ministério, comunicou a morte do primeiro recém-nascido prematuro sob cuidados na unidade neonatal.
"Morreu devido ao corte total de eletricidade. O pessoal médico tem estado a fazer respiração artificial manual a alguns deles durante três horas consecutivas", salientou o médico.
Segundo o Ministério da Saúde, que é controlado pelo grupo islamita Hamas, os franco-atiradores israelitas instalados nos edifícios que rodeiam o complexo estão a disparar contra quem tenta sair ou deslocar-se entre os edifícios do complexo.
O diretor-geral dos hospitais de Gaza adiantou que "as portas do hospital continuam abertas", mas não podem prestar assistência médica aos doentes.
Mohamad Zakut afirmou, por seu turno, que, devido à falta de telecomunicações, os médicos não conseguem comunicar entre hospitais.
"Apelamos à comunidade internacional para que ponha fim a estes crimes de guerra. A situação é muito crítica", disse o diretor-geral do centro, avisando que, se nada for feito, os doentes internados nos cuidados intensivos vão morrer.
Horas antes, a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) tinha alertado que os ataques israelitas ao hospital Al Shifa, o maior de Gaza, se intensificaram durante a noite de uma forma "dramática".
O Ministério da Saúde já tinha comunicado na sexta-feira um corte total de energia no Hospital Indonésio e tanto as autoridades médicas de Gaza como as organizações internacionais denunciaram o encerramento de numerosos hospitais e centros médicos no norte de Gaza devido à ofensiva militar israelita.
A intensificação da ofensiva israelita coincide com a realização na Arábia Saudita de uma cimeira extraordinária de países árabes e islâmicos para chegar a uma "posição coletiva unificada" sobre a guerra na Faixa de Gaza e as suas repercussões "sem precedentes", numa encontro que contará com a presença dos chefes de Estado da região.
Na sexta-feira, as tropas israelitas começaram a cercar o hospital Al-Shifa e vários outros centros hospitalares importantes em Gaza.
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, que é dirigido pelo braço armado do Hamas, disse na sexta-feira que pelo menos 20 pessoas foram mortas num ataque israelita a Al-Shifa.
Mais de 11 mil pessoas foram mortas e quase 27.500 ficaram feridas na Faixa de Gaza na guerra que eclodiu em 7 de outubro, na sequência de um ataque do Hamas contra Israel, no qual 1200 pessoas foram mortas e 240 sequestradas.