
A OMS apela novamente "a um cessar-fogo imediato em Gaza como única forma de salvar vidas"
Mohammed Abed/AFP
As autoridades palestinianas anunciaram este domingo o encerramento do hospital, na sequência do aumento dos ataques nas imediações e da falta de eletricidade.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou este domingo que perdeu a comunicação com o Hospital Al-Shifa e diz que há relatos de algumas pessoas que fugiram do hospital foram baleadas, feridas e até mortas.
"À medida que continuam a surgir relatos horríveis de que o hospital está a ser alvo de repetidos ataques, assumimos que os nossos contactos se juntaram a dezenas de milhares de pessoas deslocadas que procuraram refúgio nos terrenos do hospital e estão a fugir da área", afirma a OMS em comunicado.
Entretanto, as autoridades palestinianas anunciaram este domingo o encerramento do hospital, na sequência do aumento dos ataques nas imediações e da falta de eletricidade, uma situação que impossibilitou as operações no maior complexo hospitalar de Gaza.
Um porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza confirmou o encerramento e precisou que já não era viável prestar serviços médicos no centro, sobretudo após a morte de cinco doentes - dois dos quais bebés prematuros - na sequência dos apagões.
O responsável sublinhou ainda que mais de uma centena de corpos continuam no hospital sem possibilidade de serem enterrados.
Perante o agravar da situação, a OMS apela novamente "a um cessar-fogo imediato em Gaza como única forma de salvar vidas e reduzir os terríveis níveis de sofrimento" e lembra que "hospitais, pacientes, profissionais de saúde e pessoas abrigadas em instalações de saúde são protegidos pelas Convenções de Genebra e pelo Direito Internacional Humanitário".
Nas últimas 48 horas, o Hospital Al-Shifa - que é o maior complexo médico de Gaza - terá sido atacado várias vezes, deixando várias pessoas mortas e muitas outras feridas, segundo a OMS.
"A unidade de cuidados intensivos sofreu danos causados por bombardeamentos, enquanto áreas do hospital onde as pessoas deslocadas estavam abrigadas também foram danificadas", lamenta.
A OMS adianta que as últimas informações que recebeu dão conta de que o hospital estava cercado por tanques e os profissionais a alertarem para a falta de água potável e o risco de unidades de cuidados intensivos, ventiladores e incubadoras, deixarem de funcionar em breve devido à falta de combustível, colocando a vida dos doentes em risco imediato.
A Organização Mundial da Saúde manifesta "sérias preocupações" com a segurança dos profissionais de saúde, de centenas de doentes e feridos, incluindo bebés em suporte de vida e pessoas deslocadas que permanecem dentro do hospital.
"O número de doentes internados é quase o dobro da sua capacidade, mesmo depois de restringir os serviços ao atendimento de emergência que salva vidas", alerta.
A OMS lembra que "os doentes que procuram cuidados de saúde nunca devem ser expostos ao medo, e os profissionais de saúde que prestaram juramento para os tratar nunca devem ser forçados a arriscar as suas próprias vidas para prestar cuidados".
Mais de 11 mil pessoas foram mortas e quase 27.500 ficaram feridas na Faixa de Gaza na guerra que eclodiu em 7 de outubro, na sequência de um ataque do Hamas contra Israel, no qual 1.200 pessoas foram mortas e 240 sequestradas.