O ministro dos Negócios Estrangeiros Rui Machete garantiu hoje, em Milão, que nenhum Estado-membro da União Europeia se opõe ao reforço das sanções contra a Rússia, mas existem «vários graus de apreciação da eficácia» desta medida.
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No final do primeiro dia de trabalhos do encontro informal de responsáveis pelas relações externas que decorre na cidade italiana, Rui Machete confirmou à Lusa que a escalada do conflito no leste da Ucrânia, entre o governo de Kiev e os separatistas pró-Rússia apoiados pelo regime de Moscovo, foi um dos principais temas em debate.
«Não houve manifestações contra as sanções», afirmou o ministro.
Reconhecendo que «unanimidade é difícil», o governante sublinhou que «isso não significa» que haja quem discorde de aplicar penalizações contra a Rússia, ainda que alguns defendam «sanções mais gravosas» e outros considerem que «não são tão importantes assim».
Rui Machete frisou, porém, que «não há uma oposição entre quem não queira aplicar sanções e quem queira reforçá-las». O que há - destacou o ministro - «é dúvidas quanto à dimensão do problema e à estratégia a seguir».
Em resumo, relatou, o reforço de sanções «está [em cima da mesa], mas não foi objeto de uma análise específica» pelos participantes no encontro de Milão, havendo países que consideram o reforço de sanções 'importante» e outros que acham que seria «menos eficaz».
O chefe da diplomacia portuguesa considerou «de algum modo positivo» que os dois presidentes, russo e ucraniano, Vladimir Putin e Petro Poroshenko, se tenham reunido esta semana, mas recordou que, enquanto «o presidente Putin afirmava o seu propósito de conversar, simultaneamente havia tropas russas a invadir» a Crimeia, no leste da Ucrânia, o que aponta para «uma certa duplicidade da estratégia» da Rússia.
A reunião de hoje serviu para analisar a «estratégia que a Rússia, sob Putin, está a desenvolver, a maneira de a contrariar e a forma de proteger a integridade territorial da Ucrânia, que foi reafirmada», referiu Rui Machete, frisando que a UE está comprometida em «ajudar a Ucrânia» a permanecer «com as fronteiras que tem».
O encontro informal de chefes da diplomacia da UE, promovido pela alta representante para a política externa e de segurança da UE, Catherine Ashton, prossegue no sábado e a situação na Ucrânia deverá continuar em cima da mesa, pois «a perceção geral é de que a situação piorou», reconheceu o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português.