Um investigador nigeriano da Amnistia Internacional que tem acompanhado o evoluir da situação no estado de Borno, onde aconteceu o rapto de mais de 200 raparigas há cerca de um mês, disse à TSF estranhar a pouca ação das autoridades locais sobre este caso e lançou diversos apelos.
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"Tragam as nossas meninas de volta" é o lema da campanha que está a mobilizar boas vontades um pouco em todo o mundo.
Quase um mês depois do rapto de mais de 200 raparigas no norte da Nigéria, a Amnistia Internacional estranha a resposta lenta das autoridades.
«Penso que foi uma surpresa que o governo nigeriano e a comunidade internacional não tenham dado de imediato a atenção devida a este caso, obrigando os pais a esperarem quase um mês para que a resposta a esta crise fosse dada», disse Makmid Kamara, investigador nigeriano da AI.
Kamara considera que os efeitos nas famílias das crianças e jovens são incalculáveis.
«Os médicos e psiquiatras dizem-nos que muitos destes pais estão a receber tratamento porque sofrem de trauma psicológico agudo como resultado do rapto das filhas. Partilhamos a preocupação destes pais e, por isso, juntamo-nos a eles apelando às autoridades nigerianas que façam todos os possíveis dentro dos limites da lei internacional para libertarem estas raparigas dos raptores», apelou.
A amnistia diz que as famílias temem o que pode acontecer se as raparigas não forem salvas.
«É uma preocupação que também foi manifestada pelos pais com quem falámos. Muitos disseram-nos que, quanto mais tempo as filhas estiveram desaparecidas, mais altos são os riscos de as filha serem usadas para variados fins», sublinhou.
Este investigador nigeriano da AI tem estado em contacto com o estado de Borno, onde se deu o rapto e são muitos os que estão a fugir.
«Muitos pais têm medo de enviar os filhos para a escola e muitos estão a retirar os filhos daqueles estados para zonas mais seguras. Os pais vivem com medo constante e muito intimidados», disse.
Nos três estados do norte da Nigéria onde os extremistas do Boko Haram atuam já ninguém consegue manter as rotinas do dia a dia. Há muitas familias que à noite vão para o mato para tentar evitar mais raptos.