O novo primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, prometeu hoje uma «mudança radical e imediata» em Itália, no discurso, de tom fortemente europeísta, de investidura perante o Senado.
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«Se perdermos este desafio, a culpa será toda minha. Acabou o tempo dos álibis», disse Renzi aos senadores, depois de defender que não há desculpas para não atacar a recessão da economia italiana.
«Esta é uma Itália de possibilidades, uma Itália de mudança fundamental», disse, sublinhando a «urgência» da implementação de reformas num «país enferrujado, paralisado pela ansiedade».
O Senado (câmara alta do parlamento) deverá votar hoje uma moção de confiança no novo governo, anunciado na sexta-feira e que prestou juramento perante o presidente, Giorgio Napolitano, no sábado.
Renzi, 39 anos, foi encarregado de formar governo na semana passada, depois de afastar o seu colega de partido Enrico Letta, que criticou pelo atraso na reforma do sistema de impostos, do mercado de trabalho e da administração pública que considerou indispensáveis para estimular a economia.
Recorrendo ao relato de histórias de pessoas concretas -- como um pai desempregado ou um homem atropelado por um condutor negligente -, o novo primeiro-ministro prometeu rever os subsídios de desemprego, criar um fundo de garantia para as pequenas empresas e reformar profundamente a justiça.
Num discurso muito voltado para a Europa, cuja presidência rotativa Itália assume a 01 de julho, Renzi afirmou que "a tradição europeia e europeísta representa a melhor parte de Itália".
Sublinhou, no entanto, que Itália tem de reduzir dívida pública, equivalente a 130% do PIB, não porque a chanceler alemã, Angela Merkel, quer, mas porque "é dever do governo respeitar" as as gerações futuras.
O voto de confiança de hoje é considerado por analistas como um teste decisivo à capacidade de Renzi para unir o parlamento italiano e garantir uma maioria sólida.
Renzi, ex-presidente da câmara de Florença, deverá superar o voto com o apoio do seu Partido Democrata (PD, centro-esquerda) e dos parceiros de coligação - os centristas e o Novo Centro-Direita (NCD).
O nível desse apoio parlamentar vai ainda dar indicações sobre se o governo conseguirá cumprir o mandato até ao fim (2018) ou se o país terá de ir para eleições antecipadas.