O fim da guerra do papel e caneta? Casa Branca obrigada a devolver credencial a Acosta
Há quase duas semanas, Trump mandou calar Jim Acosta, iniciando uma guerra entre o jornalista, o presidente, a Casa Branca e a CNN. Esta segunda-feira, um tribunal decretou que a Casa Branca tem que devolver as credenciais a Acosta.
Corpo do artigo
A Casa Branca devolveu, em definitivo, a credencial de imprensa ao repórter da CNN, Jim Acosta, terminando a luta entre o jornalista e a Administração norte-americana, que já tinha entretanto chegado aos tribunais.
A informação é avançada pela própria CNN, e surge três dias depois de um juiz de Washington ter ordenado à administração Trump que devolvesse temporariamente ao jornalista a autorização de acesso à Casa Branca.
Esta decisão contrasta com a intenção declarada numa carta emitida pela Casa Branca esta sexta-feira, na qual se lia que o acesso poderia ser retirado de novo a Acosta quando a decisão temporária deste juiz prescrevesse.
As altercações de 7 de novembro
Tudo começou quando, a 7 de novembro, Donald Trump e Jim Acosta se envolveram numa discussão durante uma conferência de imprensa na Casa Branca. O jornalista tentava fazer uma pergunta a Donald Trump quando o presidente dos Estados Unidos da América o mandou calar, acusando-o de espalhar "fake news". Horas depois, Jim Acosta perdeu com efeito imediato a acreditação de acesso à Casa Branca, anunciou o mesmo no Twitter.
1060332691143491584
A discussão começou quando Jim Acosta fez uma pergunta sobre a caravana que se aproxima dos EUA, questionando o Presidente dos Estados Unidos se, pelo facto de se referir ao caso como uma "invasão", não era uma "demonização" dos migrantes.
"Honestamente devia deixar-me comandar o país e administrar a CNN. Se fizesse isso bem, as vossas audiências seriam muito melhores", atirou Trump em resposta.
Acosta tentou depois colocar uma pergunta sobre a investigação à alegada influência russa nas eleições de 2016, mas Trump recusou-se a responder.
"Basta!", repetiu várias vezes o chefe de Estado norte-americano, assegurando que "não estava preocupado com nada" porque a investigação era "uma farsa". Depois, pediu a uma assistente que retirasse o microfone ao jornalista.
"A CNN deveria ter vergonha de tê-lo a trabalhar para eles. É uma pessoa mal-educada terrível. Não devia estar a trabalhar para a CNN."
Quase uma semana depois do sucedido, a 13 de novembro, a CNN respondia. "Pedimos ao tribunal uma ordem de restrição imediata exigindo que as credenciais sejam devolvidas ao Jim", explicou a CNN em comunicado, acusando que as "ações da Casa Branca criaram um perigoso efeito inibidor para qualquer jornalista".
Ainda assim... quem manda é Trump
Na resposta à providência cautelar interposta pela CNN, a Casa Branca reservava-se o direito de escolher a quem atribui credenciais. O governo dos EUA considerou que "foi legal" a decisão de punir o jornalista da CNN Jim Acosta pelo seu comportamento.
Tribunal diz a Trump para devolver credenciais temporariamente
A 16 de novembro, um juiz de Washington deu razão à cadeia televisiva e devolveu, temporariamente, o passe de imprensa ao jornalista, avançava a agência Reuters.
Trump repete que quem manda é ele próprio
Já esta segunda-feira, e não satisfeito com a decisão do tribunal, Donald Trump decide que, assim que acabe o prazo da ordem do juiz, Acosta voltaria a ser banido. Numa carta ao jornalista da CNN, a Casa Branca informava-o de que logo que a decisão do juiz federal caducasse, ele seria de novo afastado da cobertura informativa da Casa Branca.
A credencial do jornalista foi, na noite desta segunda-feira, devolvida definitivamente a Jim Acosta, por ordem judicial.