No dia em que um presidente dos EUA visita pela primeira vez Cuba em 88 anos, a TSF procurou saber o que pensam os muitos cubanos que vivem em Miami e visitou o Museu da Baía dos Porcos.
Corpo do artigo
A última vez que os norte-americanos tentaram entrar em Cuba foi há 55 anos através daquela que ficou conhecida como a Invasão da Baía dos Porcos. Uma tentativa de invadir o sul do país através de um grupo militar de exilados cubanos treinados pela CIA e com o apoio das forças armadas norte-americanas.
A invasão falhou e rendeu-se em três dias, mas a Associação de Veteranos da Baía dos Porcos, conhecidos como Brigada de Assalto 2506, tem há vários anos um museu em Miami, cidade onde quase todos se exilaram.
Mais do que objetos da época, o Museu da Baía dos Portos tem acima de tudo alguns veteranos, quase todos com pelo menos 80 anos, que recordam, facilmente, em conversas com os visitantes, o que aconteceu naqueles dias.
Vicente Blanco Capote, 72 anos, era um dos mais novos e ainda hoje faz questão de sublinhar que os EUA (liderados pelo presidente John F. Kennedy) não cumpriram a sua parte do acordo e não ajudaram, da forma que prometeram, a brigada cubana envolvida na invasão.
Agora, Vicente olha para a visita de Barack Obama como mais um sinal de "traição", sublinhando que o atual presidente dos EUA não tem moral pois o regime cubano é o mesmo de há 55 anos.
Este veterano não vai a Cuba desde esse tentativa de invasão (1961) mas sublinha que nunca irá enquanto os irmãos Castro estiverem no poder. O regime comunista, afirma, está a ser mais esperto que os EUA: "primeiro chuparam a URSS, depois a Venezuela e agora os americanos...".
Ramon Conte, um veterano mais velho, com 85 anos, foi um dos detidos durante a invasão da Baía dos Porcos e acabou por ser o que esteve mais tempo preso: 25 anos. Também ele contesta a visita de Obama e diz que o reatar de relações com Havana é um erro que faz com que os EUA estejam a "enterrar os Direitos Humanos e a proteger um grupo de criminosos".
Obama "deu a mão" a um regime falido
O Museu da Baía dos Porcos fica numas das zonas mais conhecidas de Miami chamada Pequena Havana (ou Little Havana) por quase todos os residentes serem cubanos. Muitos fugiram do regime comunista de Fidel Castro e também nas ruas é difícil encontrar quem aprove a visita de Obama.
Teresa Hidalgo, uma idosa com 80 anos diz que sempre achou que Obama era comunista e agora reforça a sua crença: "Não estou de acordo com esta visita pois é muito mau para os cubanos e para todo o mundo, dando força a um país comunista que estava caído".
Outro cubano que encontramos na Pequena Havana é Franco Perez que evita falar por ter medo de represálias contra a muita família que ainda tem em Havana, mas que acaba por dizer que por lá a situação está "péssima" e é um "erro" fazer esta visita, sobretudo quando o líder da Casa Branca está perto do fim do mandato.
José Lopez, pintor de rua, acrescenta que, "desgraçadamente, o presidente dos EUA pegou neste assunto para ter uma marca no seu mandato que a história vai dizer que foi muito má... O governo de Raúl Castro não cedeu em nada", conclui.