"Vai salvar milhões de vidas." OMS aprova segunda vacina contra a malária para crianças
A diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, afirma que a nova vacina tem um grande potencial para o continente, ajudando a colmatar o enorme fosso entre a procura e a oferta.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou e recomendou, esta segunda-feira, a segunda vacina contra a malária para crianças, a R21/Matrix-M, desenvolvida pela Universidade de Oxford.
A vacina R21/Matrix-M é fabricada pelo Serum Institute of India e a sua utilização já foi aprovada no Burkina Faso, no Gana e na Nigéria.
WHO recommends R21/Matrix-M vaccine for #malaria prevention in updated advice on immunization https://t.co/AKI7G3AFSY pic.twitter.com/yOVGp6d0ET
- World Health Organization (WHO) (@WHO) October 2, 2023
"Como investigador da malária, sonhava com o dia em que teríamos uma vacina segura e eficaz contra a malária. Agora temos duas", declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da OMS, em conferência de imprensa.
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O diretor da OMS adianta ainda que esta recomendação se baseia no aconselhamento de dois grupos de peritos: o grupo consultivo estratégico de peritos em vacinação e o grupo consultivo de políticas sobre a malária.
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"Ambos os grupos analisaram as evidências dos ensaios da vacina R21 mostram que nas áreas com transmissão sazonal o número de casos de malária reduziu em 75% nos 12 meses seguintes a uma série de três tomas da quarta dose da vacina administrada, um ano após a terceira ter demonstrado manter a proteção", afirma, sublinhando que ficou provado que "a vacina é segura"
Em 2021, a vacina RTS,S, produzida pelo gigante farmacêutico britânico GSK, tornou-se a primeira a ser recomendada pela OMS para prevenir a malária em crianças em áreas com transmissão moderada a alta de malária.
A diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, afirmou que a nova vacina tem um grande potencial para o continente, ajudando a colmatar o enorme fosso entre a procura e a oferta.
"As duas vacinas podem ajudar a reforçar os esforços de prevenção e controlo da malária e salvar centenas de milhares de vidas jovens em África desta doença mortal", sublinhou.
"É algo que pode ter um impacto brutal"
A diretora-executiva do Instituto de Medicina Molecular, Maria Manuel Mota, afirma que a aplicação desta vacina pode ser um "game changer".
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"Pode ser algo que realmente tem um impacto muito grande no campo. E atenção que desde 2015 que a OMS já recomendava uma outra vacina que se chama RPSS, mas que tinha cerca de 30% de proteção contra a doença, agora estamos a falar de algo que tem 70% e eu acho que estes números para as pessoas, hoje em dia, já dizem alguma coisa", afirma, em declarações à TSF.
A cientista portuguesa fala "num impacto brutal" e defende que a nova vacina, "com certeza, vai salvar milhões de vidas".
"E esperemos que seja uma peça fundamental, não sei se na erradicação da doença, mas pelo menos no controle desta doença em tantas regiões do mundo e estou muito feliz por isto estar a acontecer, acho que é algo de notável", sublinha.
"É uma mais-valia ter uma vacina destas para podermos começar a falar do controlo desta doença no mundo"
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Maria Manuel Mota explica, ainda, que esta nova recomendação da OMS chega no seguimento de "um estudo clínico que foi feito em cerca de 400 crianças - e que tinha sido publicado há mais de um ano - em regiões endémicas de malária". No entanto, para a aprovação da organização, foi necessário um estudo clínico em mais de "quatro mil crianças, dez vezes mais".
"É um valor muito significativo de crianças e, por isso, há um grande poder nestes resultados e com certeza a OMS teve isso em consideração e, como disse, acho mesmo que é uma mais-valia ter uma ferramenta como uma vacina destas para podermos começar a falar do controlo desta doença no mundo", remata.