O acordo assinado em abril arranca no dia 14. O Reino Unido vai deportar para o Ruanda os primeiros estrangeiros que chegaram ao país ilegalmente e pediram asilo.
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Afegãos e sírios fazem parte do primeiro grupo que vai ser deportado para o Ruanda. A Grã-Bretanha deixa de analisar os pedidos de proteção, em vez disso as pessoas são enviadas para o Ruanda e será o governo de Kigali a dizer se têm ou não direito a asilo. Se o pedido for aceite, podem ficar no Ruanda.
O entendimento tem sido muito criticado por causa do historial do país em relação aos direitos humanos. Agora, um novo relatório chama a atenção para o facto de o Ruanda ter um dos piores recordes em relação à repressão transnacional.
A organização Freedom House quer saber como é que um país que vai atrás dos opositores e críticos que se refugiaram no estrangeiro pode defender aqueles que pedem proteção. A organização, que defende os direitos humanos e promove a democracia, lembra o caso do assassinato do antigo líder dos serviços secretos ruandeses, Patrick Karegeya, que estava exilado na África do Sul. Recorda ainda o rapto de Paul Rusesabagina nos Emirados Árabes Unidos: o antigo diretor do hotel Mille Collines, que salvou inúmeras vidas durante o genocídio, foi julgado e condenado a 25 anos de cadeia por terrorismo.
Estes podem parecer casos isolados, mas segundo a Freedom House, o Ruanda tem levado a cabo uma campanha de intimidação, raptos, ataques, assédio online e assassinatos dos críticos do presidente Paul Kagame que fugiram para o estrangeiro. A ONG norte-americana teme que o regime seja suscetível às pressões de outros estados para lhes entregar aqueles que queriam a proteção do Reino Unido, mas que se veem no Ruanda.
A organização aponta o dedo a Londres pela falta de preocupação em relação aos que pedem asilo, mas sublinha que essa é uma tendência das democracias atuais. Ao colocarem cada vez mais obstáculos à análise de pedidos de asilo, os governos estão a impedir aqueles que foram perseguidos por defenderem reformas democráticas, liberdade de expressão, liberdade religiosa e o estado de direito, de terem uma vida em liberdade.
A organização Freedom House defende ainda que, ao aceitarem pedidos de regime totalitários e fecharem os olhos a algumas ações, estes governos estão a contribuir para o desgaste das regras democráticas.