O Alto-comissário da ONU para os Refugiados disse, no lançamento do apelo global humanitário para 2014, que o ano de 2013 conheceu o maior número de novos refugiados em 20 anos.
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«Em 2013, mais de dois milhões de pessoas deixaram seu país por causa de um conflito, é o maior número de novos refugiados em quase 20 anos», disse o português António Guterres.
A maioria dos novos refugiados provém de Síria, onde o conflito provocou «a maior deslocação de pessoas desde o genocídio ruandês e é o mais perigoso para a paz e a segurança mundial desde a Segunda guerra mundial», de acordo com o responsável.
Atualmente, 2,3 milhões de refugiados sírios foram registados na região, entre os quais 1,7 milhões chegaram em 2013, mas as estimativas indicam que o número pode ultrapassar os 4,1 milhões no final de 2014.
Os refugiados sírios «não tinham por onde ir sem a generosidade dos países vizinhos», declarou Guterres, sublinhando as consequências dramáticas na sociedade, na demografia e na economia destes países, os quais têm cada vez mais dificuldades em gerir o fluxo de refugiados.
«Eles precisam da solidariedade massiva da comunidade internacional, solidariedade em apoio financeiro, humanitário estrutural (...), solidariedade na repartição das consequências» acrescentou.
Guterres pediu ainda que todos os países mantenham as suas fronteiras abertas aos refugiados sírios, confessando-se dececionado com a falta de ajuda a nível global para acolher estas pessoas.
Até hoje, 15.000 lugares foram oferecidos aos refugiados através de programas de reinstalação, um número que António Guterres quer ver aumentar significativamente daqui para frente.
«Precisamos de vistos, programas de reunificação e de reinstalação. Precisamos de mecanismos que permitam às pessoas estar em segurança sem passar pelas mãos de traficantes, que são dos piores criminosos no mundo», disse.
Neste lançamento de apelo mundial de ajuda humanitária para 2014, o alto-comissário declarou que o maior desafio para todas as organizações humanitárias está na combinação da gigantesca crise na Síria com a multiplicidade de situações de emergência, como nas Filipinas ou na República Centro-Africana, e a persistência de outras, como no Sudão ou no Afeganistão.
A ONU pediu hoje 12,9 mil milhões de dólares (9,35 mil milhões de euros) para financiar, em 2014, programas de ajuda humanitária que irão garantir a proteção e prestar uma ajuda vital a cerca de 52 milhões de pessoas em 17 países afetados por conflitos ou catástrofes naturais.
O plano inclui a participação de 568 organizações humanitárias e abrange, entre outros, a Síria, a República Centro-Africana, a República Democrática do Congo, o Sudão, o Sudão do Sul, a Somália, os países do Sahel, a Palestina, o Iémen, o Afeganistão, Birmânia, as Filipinas e o Haiti.