Há 18 anos, uma pequena aldeia do Uganda viveu o mesmo que está a acontecer na Nigéria. Na noite de 9 de outubro de 1996, os rebeldes liderados por Joseph Koni raptaram 139 raparigas de uma escola católica.
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Na manhã seguinte, a freira Rachele Fassera, diretora da escola, foi atrás dos rebeldes e conseguiu a liberdade para 109 das raparigas, 30 ficaram para trás e foram dadas como esposas aos comandantes do grupo.
Jackson Atwii, o pai de uma das raparigas, diz que passados todos estes anos ainda ninguém sabe como foi possível à irmã Rachelle encontrar os rebeldes enquanto o exército não o conseguiu fazer.
Enquanto a diretora regressava a casa com mais de uma centena de raparigas, as outras 30 foram levadas para o quartel general de Koni. Quatro acabaram por morrer em cativeiro, outras fugiram ao fim de poucos meses, a última a escapar fê-lo apenas 2009 e há outra rapariga ainda desaparecida.
Esther Acio foi uma das que ficou para trás e foi levada para o Sudão. Durante quatro meses foi escrava sexual de um dos comandantes e foi obrigada a lutar ao lado dos rebeldes.
Durante um ataque conseguiu escapar. Regressada a Oboke, os pais enviaram-na de novo para a escola e ajudaram-na a recuperar. Hoje está na Dinamarca a fazer o doutoramento mas no Uganda quis retribuir o apoio que recebeu e é assistente social ajudando crianças soldados.
Em abril, quando ouviu o que aconteceu na Nigéria, o pai de Esther, Jackson Atwii voltou atrás no tempo. Ouvido pela TSF, ele revela que encontrou semelhanças nos dois casos já que os governos ignoraram avisos de que os rebeldes se preparavam para levar as estudantes. Ele diz que os dois governos falharam completamente na proteção dos cidadãos.
Jackson Atwii faz questão de deixar um conselho aos pais das raparigas nigerianas: Falem a uma só voz, pressionem o governo e enviem uma mensagem aos rebeldes dizendo-lhes que o que fizeram é abominável e têm de libertar as jovens sem condições.
Em Oboke foi isso que os pais fizeram, criaram uma associação que ainda hoje dá ajuda às sobreviventes. Este pai conhece bem a dor e o pesadelo vividos pelos pais das jovens do estado de Borno na Nigéria e espera que a campanha internacional as possa ajudar porque as raparigas correm perigo de vida.