Parlamento francês vota esta segunda-feira duas moções de censura contra executivo
Depois de um fim de semana de manifestações contra a reforma das pensões, são votadas esta tarde no parlamento as moções de censura que podem travar e dissolver o governo francês.
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Confrontado com as manifestações que se multiplicaram de norte a sul do país desde a passada quinta-feira, Emmanuel Macron reagiu pela primeira vez e reafirmou a vontade de levar avante a reforma das pensões, que podem ser adotada definitivamente esta segunda-feira, 20 de março, caso as duas moções de censura contra o governo de Elisabeth Borne sejam rejeitadas pelos deputados.
O Eliseu publicou um comunicado no qual afirma que "as mais de 170 horas de debate que resultaram na votação de um texto, com o compromisso do Senado e da Assembleia Nacional, o Presidente da República manifestou ao Presidente do Senado e da Assembleia a sua vontade de que a reforma das pensões possa alcançar o fim de sua jornada democrática com respeito para todos".
Uma declaração que se confronta a um número de manifestações que não para de aumentar. Philippe Martinez, secretário-geral da central sindical CGT, sublinha que a grande maioria das manifestações decorrem "com determinação e calma".
"Não entendemos porque é que o governo, e principalmente o Presidente da República, não levam a sério os nossos alertas. É tudo. Estamos aqui para alertar, para dizer que a insatisfação é profunda, que a rejeição desta lei é avassaladora", defende o sindicalista.
Philippe Martinez responsabiliza o Presidente pelo aumento da revolta e dos protestos sociais. "O Presidente da República muda muitas vezes de argumentos. Há dois meses tratava-se de um problema económico, dizia que corríamos o risco de uma crise financeira. No início, tratava-se de uma reforma da justiça social. As pessoas já não conseguem perceber nada. O que todos entenderam muito bem é que esta reforma é injusta, brutal e autoritária. Da nossa parte, cumprimos o nosso papel, o de alertar", concluiu.
As duas moções de censura apresentadas pelo grupo Liot e NUPES e pelos deputados do partido de extrema-direita da União Nacional vão ser debatidas e votadas esta segunda-feira a partir das 16h.
Para que o projeto de lei seja travado, levando à queda do governo, a moção de censura deve ser votada pela maioria absoluta no parlamento, contabilizando 287 votos. Em dois meses, a Primeira ministra Elisabeth Borne conseguiu atravessar doze moções de censura, nomeadamente para validar o orçamento de estado para 2023.
Mais de cem moções de censura foram lançadas desde 1958: apenas uma foi adotada, em 1962, contra a eleição do Presidente da República por sufrágio universal, fazendo cair o governo Pompidou.