Participação em eleições na Tunísia excedeu expectativas, diz comissão eleitoral

A Comissão Eleitoral tunisina revelou que a participação nas primeiras eleições livres no país excedeu todas as expectativas, podendo vir a ter uma afluência de 60 por cento.

Em conferência de imprensa, o presidente desta comissão deu ainda conta de algumas irregularidades, nomeadamente de partidos que continuam a fazer campanha.

Há ainda relatos de pressões sobre eleitores que não sabem ler nem escrever e circulação de mensagens de telemóvel em que se faz apelo ao voto nestas eleições para a assembleia que vai ser encarregada de fazer a nova constituição tunisina.

Ouvido pela TSF, o socialista João Soares, observador destas eleições, indicou que, por aquilo que viu até agora, as «coisas estavam a correr bem».

«Havia uma protecção assegurada no exterior em todas as secções de voto pela polícia e por forças militares extremamente amáveis e simpáticas com as pessoas», notou o ex-presidente da câmara de Lisboa.

João Soares, que aludiu a uma presença «significativa» de observadores, adiantou ainda que as «equipas as várias secções de voto são de cidadãos independentes escolhidos pelo equivalente à nossa Comissão Nacional de Eleições».

«Há uma base de quatro pessoas por cada secção de voto e as coisas funcionam muito bem. Não houve, excepto num caso, problemas de identificação de pessoas e há um entusiasmo, não ruidoso, das pessoas que, pela primeira vez, participam num processo eleitoral genuinamente democrático», acrescentou.

O observador português entende que se está a viver um «momento histórico para a Tunísia», algo que os tunisinos têm consciência, apesar da serenidade que se sente no terreno.

«É um momento histórico para a Tunísia e para os países que foram tocados por aquilo a que se tem chamado Primavera Árabe. Espero que seja um movimento histórico para toda a África, onde infelizmente as democracias não abundam ou são uma excepção quase absoluta», concluiu.