O Supremo Tribunal grego autorizou o partido neonazi Aurora Dourada a participar nas eleições europeias, que se realizam este mês, anunciou hoje um advogado do partido.
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«Esperávamos esta decisão. Temos fé na justiça grega», afirmou à agência France Presse o advogado Pavlos Sarakis.
A autorização surgiu apesar de estarem a decorrer investigações criminais contra o partido político, do qual seis juristas, incluindo o líder, se encontram detidos a aguardar julgamento.
Quase todos os 18 juristas do Aurora Dourada estão sob investigação da justiça grega por crimes graves alegadamente cometidos nos últimos dois anos, durante a ascensão do partido.
Segundo a lei grega, os candidatos apenas são impedidos de concorrer a eleições se forem condenados por um crime, não se estiverem sob investigação.
Ainda não há data para o início dos julgamentos.
A lista do partido para as eleições europeias não inclui nenhum dos deputados. Dois dos candidatos são dois oficiais do exército reformados.
O Aurora Dourada é acusado de ataques a opositores políticos e dos homicídios de um migrante paquistanês e de um cantor de 'rap' de esquerda, de nacionalidade grega, no ano passado.
Objetos nazis e fascistas foram encontrados na casa de um responsável do partido, no início deste ano.
O Aurora Dourada afirma-se vítima de perseguição pelo governo de coligação, conservador, liderado por Antonis Samaras, por recear a popularidade do partido.
Para contornar uma possível interdição em relação às eleições europeias, previstas para 18 e 25 de maio, o partido criou recentemente um partido-irmão, chamado Aurora Helénica, mas já anunciou entretanto que esta segunda estrutura será relegada para segundo plano.
O primeiro-ministro grego defendeu esta semana que o partido neonazi deve ser derrotado através da ideologia e não banido, e insistiu que não tentará influenciar o sistema judiciário sobre esta matéria.
Antes um partido menor na política grega, o Aurora Dourada conquistou popularidade no início da crise da dívida grega, explorando a revolta generalizada contra a imigração e as medidas da austeridade.