O "balanço provisório" dos protestos é de dois mortos e 58 feridos. Os mortos são dois jovens de 16 e 19 anos.
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Pelo menos duas pessoas morreram e cerca de 60 ficaram feridas na repressão dos protestos na capital da Guiné-Conacri, na quinta-feira, pelo regresso à ordem constitucional após o golpe de setembro de 2021, denunciou esta sexta-feira a oposição.
A Frente Nacional em Defesa da Constituição (FNDC), oficialmente dissolvida pelas autoridades guineenses, indicou numa mensagem na sua conta do Facebook que o "balanço provisório" dos protestos é de dois mortos e 58 feridos, incluindo vários que foram atingidos por balas.
Segundo a mesma fonte, os mortos são dois jovens de 16 e 19 anos e 47 pessoas foram presas pelas forças de segurança.
A organização também denunciou rusgas policiais em "casas particulares", bem como "atos de pilhagem e insultos públicos das forças de segurança contra ativistas pró-democracia" durante a repressão dos protestos.
O chefe da Polícia Nacional da Guiné-Conacri, Abdoulaye Sampil, recusou-se a comentar as baixas entre os manifestantes e disse que sete agentes foram feridos durante os protestos, segundo o portal de notícias Media Guinée.
Grupos de jovens e forças de segurança guineenses envolveram-se, na quinta-feira, em confrontos nos subúrbios de Conacri.
Vários bairros ao longo da estrada de Le Prince, que atravessa aquele subúrbio, foram palco de confrontos entre grupos de jovens, que atiraram pedras e montaram barricadas na estrada, e polícias militares e polícias, que tentaram dispersá-los com gás lacrimogéneo, tendo sido ouvidos disparos de armas.
Os confrontos terão começado na quarta-feira à noite.
O protesto foi convocado pelo FNDC, apesar de a junta guineense ter proibido manifestações para exigir o regresso à ordem constitucional face aos atrasos das autoridades militares na convocação de eleições após o golpe de Estado de 2021.
Em agosto, o organismo da oposição apresentou uma lista de 13 pessoas ao Tribunal Penal Internacional (TPI) pelo seu alegado papel na repressão dos protestos, incluindo o líder da junta militar e presidente de transição, Mamady Doumbouya.
O Comité Nacional para a Reconciliação e Desenvolvimento (CNRD), nome oficial da junta, foi formado na sequência do golpe de Estado de setembro de 2021 contra o então presidente, Alpha Condé, após meses de crise política no país por causa da decisão do chefe de Estado de alterar a Constituição para concorrer a um terceiro mandato e da sua vitória nas eleições presidenciais de 2020, nas quais os outros candidatos denunciaram a fraude.
A FNDC convocou uma marcha para exigir a libertação de três dos seus líderes presos e de todos os prisioneiros detidos por razões políticas, bem como o rápido regresso dos civis ao poder. Os principais partidos, praticamente reduzidos à inação, apelaram também à mobilização.
A Guiné-Conacri é governada por uma junta militar que tomou o poder através de um golpe de Estado em 5 de setembro de 2021, num dos vários golpes semelhantes na África Ocidental nos últimos dois anos. A junta militar no poder proibiu todas as manifestações desde 2022.
Os militares comprometeram-se a entregar o poder aos civis após a realização de eleições, no final de um período durante o qual dizem querer concluir um vasto conjunto de reformas.
A junta concordou, sob pressão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), em limitar este período transitório a dois anos a partir de janeiro de 2023.
A oposição acusa a junta militar de ter tomado o poder e silenciado qualquer voz dissidente através de detenções de líderes políticos e da sociedade civil e do lançamento de investigações judiciais.
Os principais partidos recusam o diálogo com a junta militar sobre o conteúdo do chamado período de transição, nas condições estabelecidas pelas autoridades no poder em Conacri.