Presidente turco garante que os "terroristas" não atingiram nem vão conseguir atingir "os seus objetivos" no país.
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O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) reivindicou este domingo o ataque suicida que atingiu esta manhã a cidade turca de Ancara e fez dois feridos.
"Foi realizada uma ação sacrificial contra o Ministério turco do Interior por uma equipa da nossa Brigada Imortal", disse fonte não identificada do PKK à agência noticiosa ANF, próxima do movimento curdo.
Este domingo, já depois do ataque que feriu dois polícias, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan afirmou que os "terroristas" nunca conseguirão atingir os seus objetivos.
A forte explosão no exterior do ministério, seguida de um incêndio, foi ouvida a vários quilómetros do local do ataque.
O distrito visado alberga vários outros ministérios e o parlamento turco, que reabriu como previsto durante a tarde com um discurso de Erdogan. "Os vilões que ameaçam a paz e a segurança dos cidadãos não atingiram os seus objetivos e nunca os atingirão", disse.
O Ministério do Interior disse que dois atacantes chegaram num veículo comercial, por volta das 9h30, ao "portão de entrada da Direção-Geral de Segurança do nosso Ministério do Interior, e levaram a cabo um ataque bombista".
Os alegados terroristas morreram e dois polícias ficaram feridos. O ataque foi planeado para coincidir com a sessão de abertura da época legislativa no Parlamento turco.
O PKK disse que esta foi uma resposta às "práticas desumanas" do exército turco contra a população curda e contra o grupo.
Os militares realizam, frequentemente, operações contra o PKK e os seus aliados no Sudoeste da Turquia.
"Se estes genocidas continuarem a cometer estes crimes, as ações legítimas da justiça revolucionária continuarão", assegurou.
Segundo a imprensa turca, também foram ouvidas trocas de tiros no bairro do Parlamento, zona onde se localizam muitos ministérios. Vários veículos policiais e ambulâncias foram posicionados nessa área.
Erdogan já "não espera nada" da UE
Na sessão inaugural do parlamento do país, este domingo, o Presidente da Turquia disse que já "não espera nada" da União Europeia (UE) para aderir ao grupo dos 27, acusando Bruxelas de deixar a Turquia "à sua porta durante 40 anos".
"Cumprimos todas as promessas que fizemos à UE, mas eles não cumpriram quase nenhuma das suas", denunciou Recep Erdogan, realçando que não "vai tolerar quaisquer novos requisitos ou condições ao processo de adesão da Turquia".
"Se a UE pretende acabar com o processo de adesão, que só existe no papel, essa será a sua decisão", acrescentou.
A fúria de Erdogan surge depois de o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) ter acusado a Turquia de condenar um homem por pertencer a uma organização terrorista com base na aplicação de mensagens encriptadas ByLock.
O ByLock é considerado por Ancara como a ferramenta de comunicação preferida dos alegados responsáveis pela tentativa de golpe de Estado de 2016, que deixou 250 mortos e foi seguido de detenções massivas e evacuações sem precedentes na história moderna do país.
O governo turco atribuiu a tentativa de golpe de Estado à Organização Terrorista Fethullah (Fetö, no acrónimo em inglês), da qual já foi aliado.
"A decisão do TEDH é a gota de água que fez transbordar o copo", prosseguiu.
De acordo com Erdogan, a decisão do TEDH "não trará qualquer alívio aos canalhas que são membros da Fetö".
"A Turquia não vai recuar na luta contra este bando de traidores. Não vai permitir qualquer regresso ao passado", insistiu.