A polícia disparou contra alegados agressores no meio da multidão, mas os manifestantes garantem que ninguém disparou contra a polícia e que não houve luta.
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Blindados e polícia dispararam, no domingo, gás lacrimogéneo contra manifestantes na pequena cidade de Ferguson, no Estado do Missouri, isto apesar do recolher obrigatório em vigor pela segunda noite consecutiva.
A polícia justificou o lançamento do gás lacrimogéneo para dispersar agressores que estavam infiltrados na multidão, isto depois do lançamento de cocktails molotov e do disparo de tiros contra as autoridades.
«Foram lançados cocktails molotov e houve disparos, saques, vandalismo e outros atos de violência. Parecem não ter sido espontâneos, mas atos criminosos premeditados», sublinhou o chefe da polícia, Ron Johnson.
A versão da polícia conta que alguns agressores tentaram infiltrar-se no posto de comando e que, por isso, não restou outra possibilidade que não avançar para garantir a ordem pública.
Por seu lado, os manifestantes asseguram que estavam a agir de forma pacífica e consideram mesmo que a polícia agiu de forma «inaceitável» e contra a lei, daí que, segundo uma manifestante, «enquanto não tivermos justiça isto não vai acabar».
«Não agiu de forma agressiva para eles [polícia]. É mentira. Não houve luta nem tiros disparados. Os únicos que dispararam foram a polícia», garantiu uma manifestante, ouvida pela CNN.
O reverendo Jesse Jackson, ativista e político do Partido Democrata, explicou que «havia uma disposição tão positiva» que não se podia prever a violência que se registou depois.
«As pessoas estavam mesmo calmas, mas, de repente e vindo do nada, alguém começou a disparar tiros de algum lugar», acrescentou.
Os manifestantes protestam contra a morte de um jovem negro de 18 anos que terá sido abatido quando estava desarmado pela polícia a 9 de agosto, caso que já levou as autoridades a prometerem uma segunda autópsia a Michael Brown.
De acordo com o New York Times, uma outra autópsia, pedida pela família de Michael Brown, revela que o jovem foi atingido seis vezes pela polícia.