As eleições municipais de ontem ditaram uma queda no número de votos nos dois principais partidos. Relativamente a 2011, a queda foi de 3.17 milhões de votos.
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Com mais de 99% dos votos escrutinados, o PP é o partido mais votado (27,03%), seguido do PSOE (25,04%). Os "populares" somaram cerca de seis milhões de votos em todo o país enquanto os socialistas fizeram um pouco mais de 5,5 milhões.
Ou seja, o PP perdeu cerca de 2,4 milhões de votos face aos 8,476 milhões obtidos nas municipais de 2011, enquanto o PSOE perdeu cerca de 700 mil votos.
As eleições de domingo também demonstraram a entrada em força do emergente Ciudadanos (que se estreia com 1,455 milhões de votos, elegendo 1.524 deputados municipais), mais votos na estreia do que os obtidos pelos comunistas da Izquierda Unida em 2011. Aliás, a IU continua a perder representatividade, tendo obtido pouco mais de um milhão de votos.
O secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, referiu-se aos números totais do PP e do PSOE como "dois piores da sua história" e leu neles "o princípio do fim do bipartidarismo". Ainda assim, em conjunto, o PP e o PSOE obtiveram 52% de todos os votos, contra os 64% de 2011.
Por outro lado, a nível local, o PP perde em muitos dos seus 'feudos' tradicionais e em muitos outros ganhou sem maioria absoluta e sem uma possibilidade clara de chegar a acordo com outros partidos.
Em Madrid, o PP - depois de 24 anos a gerir a câmara - está dependente de que a plataforma Ahora Madrid não consiga chegar a acordo com o PSOE.
O PP ganhou em Valência, Sevilha, Valladolid e Málaga, mas com necessidade de chegar a acordos pós-eleitorais para governar. As margens, aliás, são tão pequenas que o PP pode mesmo ser relegado para a oposição se o PSOE e as plataformas associadas ao Podemos ou à Izquierda Unida unirem forças para escolher um presidente de câmara consensual.
Esses cenários colocam-se porque o Ciudadanos, apontado como a eventual muleta do PP nos municípios, entra em força a nível nacional, mas sem os deputados suficientes a nível local para evitar a vulnerabilidade face à esquerda.
O Ciudadanos de Albert Rivera é agora a terceira força política, porque o Podemos apresentou-se às municipais muito fragmentado em várias marcas eleitorais talhadas à medida de cada município.
Por outro lado, a queda do PP não se explica apenas com a subida do Ciudadanos, uma vez que a soma dos dois partidos nestas eleições fica aquém do total dos populares em 2011.
Já o PSOE, que perde 700 mil votos e tem um dos piores resultados históricos, sobe em influência a nível municipal graças aos pactos.