Presidência brasileira acusa vice-presidente de conspiração contra Dilma

As declarações de Jacques Wagner, o ministro-chefe do gabinete pessoal da Presidente brasileira, surgem depois de serem conhecidas gravações com Michel Temer a proferir um discurso de eventual tomada de posse como chefe de Estado brasileiro.

Jaques Wagner classificou a divulgação destes áudios como "uma atitude deplorável", que coloca o vice-presidente "no papel de patrocinador e maior beneficiário desse golpe dissimulado".

Segundo o ministro, citado pela imprensa brasileira, Dilma Rousseff ficou "perplexa" e recebeu o discurso com tristeza.

Em declarações aos jornalistas no Palácio do Planalto, Wagner defendeu que Michel Temer deve renunciar ao cargo se o processo de 'impeachment' de Dilma Rousseff for rejeitado no Congresso. "Depois de assumir a conspiração, o mínimo de coerência com o que ele fez é, uma vez derrotada a conspiração, ele renuncie, porque vai ficar um clima insustentável, insuportável", disse.

Esta segunda-feira à noite a comissão especial do 'impeachment' da Presidente na Câmara dos Deputados aprovou por 38 votos a favor e 27 contra o relatório favorável ao afastamento de Dilma Rousseff.

Caso a Câmara dos Deputados e o Senado aprovem a destituição da atual Presidente, Michel Temer pode assumir temporariamente o cargo.

A gravação em que Temer ensaia um discurso de tomada de posse foi enviada aos deputados da sua formação política, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), "por acidente", de acordo com o vice-presidente.

Para Jaques Wagner, Michel Temer precipitou-se ao fazer a gravação e teria a intenção de a divulgar propositadamente.

Para arquivar o pedido de impugnação na votação no plenário, o Governo precisa de 172 votos ou de 172 abstenções, mas Jaques Wagner adiantou que a meta do Executivo é chegar aos 213 votos.

O governante classificou ainda os 27 deputados que votaram contra o parecer na comissão como "heróis da democracia".