O presidente do Irão, Hassan Rohani, regressou hoje a Teerão depois de uma semana em Nova Iorque marcada pelo histórico telefonema do presidente dos Estados Unidos, sendo recebido por manifestações de apoiantes e adversários.
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A imprensa iraniana louvou o contacto, o primeiro entre presidentes do Irão e dos Estados Unidos desde a Revolução Islâmica (1979), mas a conversa de 15 minutos com Barack Obama chocou os partidários da linha mais dura, um dos quais chegou a lançar um sapato contra a coluna automóvel do presidente.
Quase 60 pessoas juntaram-se à saída do aeroporto Mehrabad e gritaram "Morte à América" e "Morte a Israel" à passagem da coluna automóvel.
Separados destes pela polícia, 200 a 300 apoiantes do presidente gritaram "Obrigado Rohani".
As relações diplomáticas entre o Irão e os Estados Unidos foram cortadas depois de estudantes radicais iranianos terem sequestrado os funcionários da embaixada dos Estados Unidos em Teerão durante a revolução.
Hassan Rohani disse à imprensa no aeroporto que a iniciativa foi de Barack Obama. «Estávamos a caminho do aeroporto quando fui informado de que a Casa Branca tinha ligado para o telemóvel do nosso embaixador nas Nações Unidas. Fui informado de que o presidente Obama queria falar comigo uns minutos», disse Rohani, segundo o seu gabinete.
O protesto no aeroporto contrasta com a aclamação do histórico telefonema pela imprensa iraniana.
Vários jornais iranianos consideraram que Rohani, ao aceitar o telefonema de Obama, deixou atrapalhada a imprensa internacional, que ao longo da intensa semana diplomática em Nova Iorque se centrou sempre na inexistência de um encontro face a face entre os dois dirigentes.
«O mundo foi apanhado desprevenido», destacou o diário reformista Arman. «Imprensa internacional em choque com o telefonema», acrescentou.
Segundo o presidente da influente comissão de Negócios Estrangeiros do parlamento iraniano, Hossein Naqavi Hosseini, a conversa telefónica foi autorizada pelo guia supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei.
O jornal pró-reformista Etemad publicou um artigo de opinião do professor de Relações Internacionais Mohammad Ali Bassiri advertindo para as dificuldades de uma reaproximação entre os dois países.