Presidente francês acusa Rússia de ser uma "potência desestabilizadora em África"
"A Rússia colocou-se numa situação em que não respeita o direito internacional e tornou-se uma das únicas potências coloniais do século XXI", destaca o chefe de Estado francês.
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O Presidente francês acusou esta sexta-feira a Rússia de "ser uma potência desestabilizadora em África", sublinhando que a ausência de Moscovo na cimeira realizada em Paris para promover uma reforma do sistema financeiro internacional demonstra o seu "isolamento".
Emmanuel Macron afirmou, em entrevista aos meios de comunicação franceses France 24, Franceinfo e Radio France International, que a Rússia "é uma potência desestabilizadora em África através de milícias privadas que desempenham um papel predatório e abusam da população civil", numa aparente referência ao envio de mercenários do Grupo Wagner para vários países, incluindo o Mali, a Líbia e a República Centro-Africana (RCA).
"Esta situação foi documentada pelas Nações Unidas na RCA, às mãos da milícia Wagner", disse, referindo-se ao grupo mercenário detido pelo oligarca Yevgeni Prigozhin, próximo do Presidente russo, Vladimir Putin.
"A Rússia colocou-se numa situação em que não respeita o direito internacional e tornou-se uma das únicas potências coloniais do século XXI", sublinhou.
Neste sentido, o líder francês classificou a invasão da Ucrânia como uma "guerra imperialista" e sublinhou que "hoje não é possível retomar o diálogo (com a Rússia)". "Não há razão para chamar (Putin) hoje, há uma contraofensiva ucraniana", explicou, antes de apelar a Moscovo para "respeitar o direito internacional".
"Espero que chegue o momento de negociar nas condições da Ucrânia. Por outro lado, se [Putin] me chamar para fazer uma proposta, eu responderei, porque a França sempre foi uma potência facilitadora e mediadora", afirmou.
A cimeira contou com a presença de líderes mundiais, como o secretário-geral da ONU, António Guterres, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, entre outros.
A reunião, proposta por Macron e pela primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, em novembro passado, irá debater numerosas questões em mesas redondas, incluindo a reestruturação da dívida e a reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.