O embaixador da Rússia na ONU garantiu que a Ucrânia está a desenvolver uma "campanha de desinformação".
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A Rússia desmentiu, esta sexta-feira, ter atacado Kiev durante missão de paz de líderes africanos. No conselho de segurança das Nações Unidas, o representante de Moscovo, Vasily Nebenzya, usou as declarações do porta-voz do Presidente sul africano, que disse não ter visto qualquer sinal das explosões e acusou a Ucrânia de ter inventado este facto.
Visivelmente irritado pelos ataques feitos à Rússia, o representante russo desmentiu as acusações feitas contra o país, garantindo que a Ucrânia está a desenvolver uma "campanha de desinformação" facilitada pelo ocidente, e negou que os militares russos tenham atacado civis, garantindo que até Kiev ter recebido as defesas antiaéreas só objetivos militares tinham sido atingidos. Os alvos civis foram, por isso, atacados pelos mísseis defensivos ucranianos.
Foi ainda garantido que a Rússia não usa drones iranianos, "não destruiu a barragem de Nova Kakovka" e recusa a ideia de que o acordo do mar negro tenha ajudado as populações mais pobres do mundo. Além disso, o embaixador acusou as Nações Unidas de terem dois pesos e duas medidas, uma vez que há um ano o secretário-geral foi avisado das intenções da Ucrânia em destruir Nova Kakovka e nada fez.
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Os russos estão, desde fevereiro de 2022, a pedir ajuda humanitária para as populações das zonas ocupadas, mas as agências da ONU ficaram quietas e agora acusam Moscovo de não dar acesso às pessoas atingidas pelo rebentamento da barragem. Um ataque que, segundo Vasily Nebenzya, foi dos ucranianos com autorização de Washington.
O embaixador russo acusou ainda Kiev de fazer alegações paranóicas quando avisou que Moscovo se prepara para atacar a central de Zaporizhzhia. Na resposta, o embaixador ucraniano, Sergiy Kyslytsya, começou por cumprimentar todos os que estavam presentes e classificou a intervenção de Nebenzya como "preversa e crítica", tal como disse há um ano e meio quando garantiu que a invasão tinha por objetivo evitar uma guerra em solo ucraniano.
O representante de Kiev voltou também a avisar que a Rússia "se prepara para atacar Zaporizhzhia", dizendo que depois do que aconteceu à barragem de Nova Kakovka ficou claro que a Rússia está disposta a usar todos os meios para disfarçar as dificuldades em que se encontra. Kyslytsya garantiu que esta informação foi recolhida pelos serviços de informação e apelou à comunidade internacional para tomar medidas que evitem o ataque.
Para o embaixador, o "medo é a estratégia da Rússia" e é por isso que, nesta altura, está a contratar os piores criminosos que tem nas cadeias para combater na Ucrânia. No final, acabou o discurso a dizer que "a Rússia é pior do que a Covid-19", um "cancro que se espalha" se não for retirado.