Pela primeira vez, Vladimir Putin admitiu que as forças especiais russas foram para a Crimeia durante o referendo. Também hoje, o ministro da Defesa afastou acusações de Kiev de que Moscovo teria enviado tropas de elite para o leste da Ucrânia.
Corpo do artigo
O presidente russo admitiu, pela primeira vez, que as forças especiais russas foram enviadas para a Crimeia durante o referendo na região, no mês passado, mas apenas para apoiar as forças locais de defesa.
«Detrás das forças de autodefesa da Crimeia estavam militares. Comportaram-se de maneira muito correta», disse. «É preciso proteger as pessoas», acrescentou.
Numa entrevista à televisão pública, Vladimir Putin classificou, por isso, de «lixo» as acusações de Kiev, segundo as quais as forças russas são as responsáveis pela destabilização no leste do país.
O chefe de Estado considerou ainda que foi um crime grave a decisão da Ucrânia em enviar tropas para a região em vez de tentar o diálogo com a população de maioria russa, uma decisão que pode levar o país ao abismo.
«Só o diálogo, num processo democrático, e sem recorrer às forças armadas, tanques e aviação, permite devolver a ordem» à Ucrânia, afirmou. «Em vez do diálogo, eles fizeram ainda mais ameaças e lançaram, contra a população civil, os tanques e a aviação. É mais um crime grave daqueles que estão no poder em Kiev», sublinhou.
Nesta entrevista, Putin disse estar certo de que depois da anexação da Crimeia, a Rússia e a Ucrânia, como vizinhos que são, vão chegar a um compromisso de entendimento.
Antes destas declarações, o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, afastou acusações das autoridades ucranianas de que Moscovo teria enviado tropas de elite para o leste da Ucrânia.
«Estas declarações parecem paranóia», disse, citado pelas agências noticiosas russas. «Em vez de procurar sempre a mão de Moscovo (por detrás dos acontecimentos), Kiev deveria deixar de chamar os residentes do sudeste ucraniano de "separatistas" e "terroristas" e começar um diálogo construtivo com eles», afirmou.
«Relativamente às declarações sobre o uso de forças especiais russas nos acontecimentos ucranianos, só posso dizer uma coisa: é difícil procurar um gato preto num quarto escuro, especialmente se não estiver lá», acrescentou.
No entanto, o ministro afirmou ainda que procurar o gato seria «estúpido» se ele for «inteligente, corajoso, e polido».