Apertar o cerco a imigrantes, rutura na economia e ainda o Brexit. O que defendem Truss e Sunak
Liz Truss ou Rishi Sunak? Esta é a questão que está no centro do debate político britânico. As propostas de um não são as medidas apresentadas pelo outro. Entre entrevistas e debates, ambos os candidatos à liderança do Partido Conservador estão também na corrida para ocupar o lugar de Boris Johnson como primeiro-ministro.
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Rishi Sunak, ministro das Finanças de Boris Johnson, e Liz Truss, também ministra de Johnson com a pasta dos Negócios Estrangeiros, já revelaram as ideias que têm em termos de política interna e externa: a economia é o tema que mais os divide, mas também o Brexit. A imigração terá regras duras.
Depois de Boris Johnson se ter demitido, Liz Truss e Rishi Sunak assumiram candidaturas à liderança conservadora, com vista à chefia do Governo britânico. Apesar de terem trabalhado juntos no Governo durante mais de dois anos, apresentaram medidas diferentes no que se refere ao Brexit, economia, China, Ucrânia, ambiente ou imigração.
Em relação ao Brexit, Liz Truss foi a favor, em 2016, da permanência do Reino Unido na União Europeia (UE) e propôs retirar metade do acordo à Irlanda do Norte. Já Rishi Sunak, foi favorável à saída do Reino Unido da UE e prometeu acelerar a redução de regras e burocracias da UE, mais concretamente nos setores financeiro e económico. Ambos mantêm estas ideias.
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No que diz respeito à China, Truss estabelece uma comparação com a Rússia relativamente à dependência em alguns setores, considerando que o Reino Unido "não pode cometer os mesmos erros". A chefe da diplomacia de Boris Johnson critica o modo como Pequim olha para as restrições à democracia em Hong Kong e a violação dos direitos humanos em Xinjang.
Por seu lado, Sunak avalia a China como a maior ameaça para o Reino Unido. "Temos de nos defender perante uma ameaça", através do reforço das medidas de segurança, salienta o candidato. Fechar centros culturais Confúcio e aumentar a capacidade de defesa contra possíveis ataques informáticos e incursões de espionagem são duas propostas de Sunak para limitar a ação da China.
A economia que os divide
Já a guerra na Ucrânia é um tema em que ambos os candidatos têm as mesmas ideias, concordando com a atual decisão política de apoio diplomático e militar a Kiev e com as sanções económicas à Rússia. Sunak promete acelerar os processos para confiscar bens russos, com o objetivo de adquirir mais armamento destinado à Ucrânia.
O tema em que ambos os ministros entram mais em choque é a economia. Truss propõe uma rutura com a política fiscal do Executivo de Johnson, para ajudar a combater a subida do custo de vida, e promete anular o acréscimo de 1,25% na taxa da Segurança Social, assim como suspender a taxa ambiental nas contas da energia. Quer ainda suspender o aumento de impostos às empresas - que subiriam de 19% para 25%. Por sua vez, o ex-detentor da pasta das Finanças quer avançar com cortes fiscais, mas diz que vai esperar um a dois anos até a inflação estar controlada, acrescentando que quer ainda reduzir a dívida pública.
Na questão do ambiente, Truss quer manter a medida de atingir a neutralidade carbónica, de modo a não prejudicar empresas e consumidores, e considera o uso de gás como energia de transição. Sunak pretende cumprir a meta de 2050 para atingir a neutralidade carbónica e defende o investimento na eficiência energética das casas.
Medidas duras na imigração
Sobre a imigração, ambos são a favor do plano de enviar os imigrantes sem documentação para o Ruanda, até os pedidos de asilo serem processados. No entanto, Liz Truss promete reforçar o número de funcionários dos serviços de fronteiras. Sunak, por sua vez, quer, nos primeiros cem dias como primeiro-ministro, parar com a travessia de barcos com imigrantes no Canal da Mancha e reforçar os poderes das autoridades para deterem e expulsarem os imigrantes.
Rishi Sunak ainda tem planeado ampliar a definição de extremismo, encaminhando pessoas que difamem o Reino Unido para o programa Prevent - que é um projeto, em teoria, no qual as autoridades tentam prevenir que pessoas mais vulneráveis se tornem terroristas. "Não há dever mais importante para um primeiro-ministro do que manter o nosso país e o nosso povo seguros. Seja redobrando os nossos esforços para combater o extremismo islâmico ou erradicando aqueles que expressem ódio pelo nosso país. Farei o que for preciso para cumprir esse dever", disse o antigo ministro das Finanças.
"Eu acredito que pudemos fazer as coisas de maneira diferente. Quero mudar" o país, referiu, num debate recente, Liz Truss.
Para Rishi Sunak, é importante apostar na educação e valorizar as crianças para o futuro. "A educação das nossas crianças hoje será a economia de amanhã, é isso que precisamos de fazer", salienta o candidato.
A mais recente sondagem do YouGov, para o jornal The Times, revela que Liz Truss é a favorita a vencer as eleições com 54%, contra os 35% de Sunak. O vencedor será conhecido em setembro.