Candidato à sucessão no poder britânico argumenta que os "prós e contras" do encerramento de locais como as escolas não foram devidamente debatidos internamente.
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O candidato à liderança do partido conservador britânico, Rishi Sunak, defende que o governo então liderado por Boris Johnson errou ao escolher "empoderar os cientistas" como fez durante o combate à pandemia de Covid-19.
"Não devíamos ter empoderado os cientistas da forma que fizemos", defende Sunak numa entrevista à revista The Spectator, a publicar no próximo sábado, em que revela também que nunca obteve respostas quanto tentou discutir os "prós e contras" do encerramento de locais como as escolas logo em março de 2020.
"Era preciso reconhecer, logo à partida, os prós e contras", assinala, acrescentando que se tal tivesse acontecido "o cenário poderia ser muito diferente" e "teria provavelmente havido outras decisões".
Questionado sobre se teria preferido uma abordagem mais semelhante à adotada pelos suecos, Sunak argumentou não saber, mas insistiu que o processo no Reino Unido podia ter sido "mais curto, diferente e mais rápido".
O candidato à sucessão de Boris Johnson revela também que "não se falava das consultas canceladas ou dos enormes atrasos que estavam a formar-se no NHS [sistema britânico de saúde]" e, quando tentou confrontar os outros decisores políticos, ficou sem resposta: "Aquelas reuniões eram literalmente eu, às voltas à mesa, a lutar. De todas as vezes eram incrivelmente desconfortáveis."
No dia em que tentou abordar especificamente o tema da educação, reconhece que "estava muito emotivo", mas quis fazer "esquecer a economia".
"Eu disse-lhes: 'Certamente que todos conseguimos concordar que não ter as crianças na escola é um grande pesadelo', ou algo do género. Fez-se um grande silêncio depois. Foi a primeira vez que alguém o disse, fiquei tão furioso", contou.
Sunak revela também que "durante muito tempo", os membros do Scientific Advisory Group for Emergencies (Sage), o conselho científico para emergências que trabalhou com o executivo britânico, "não se aperceberam de que havia alguém das Finanças em todas as reuniões".
Essa mesma funcionária do ministério então liderado por Sunak ter-lhe-á revelado que não só eram omitidas partes das reuniões, como "na verdade, muita gente discordava das conclusões" que levaram ao confinamento.
As "razões pelas quais muitos dos membros não tinham a certeza" das recomendações emanadas das reuniões também terão sido, por várias vezes, ocultadas.