No Fórum TSF, esta segunda-feira, ouvimos a opinião dos eurodeputados portugueses sobre a definição de quotas obrigatórias para o acolhimento de refugiados pelos Estados-membros da União Europeia.
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"Esta discussão das quotas obrigatórias em que cada um procura empurrar com a barriga o problema refugiados para o vizinho do lado , esquece uma questão fundamental", defende João Ferreira. O eurodeputado comunista considera que mais do que um sistema de quotas é preciso um conjunto de medidas de fundo, que passam pela criação de rotas legais e seguras para os refugiados, pelo ataque ao tráfico de seres humanos e pela criação de condições nos países de acolhimento. " Os refugiados têm que ter condições efetivas de acolhimento, não é apenas atirá-los para lá e arrumá-los em centros de detenção ou parques de campismo , é preciso criar condições para uma efetiva integração", afirma o eurodeputado do PCP.
Já Carlos Zorrinho, eurodeputado socialista defende que se houvesse menos assimetrias na Europa seria mais fácil distribuir os refugiados e quanto ao sistema de quotas, diz que os socialistas apoiam. " A delegação socialista no parlamento europeu é favorável a esse princípio", afirma dizendo que o ideal seria não haver quotas. " Como sempre na vida às vezes é preciso ser um pouco mais mandatório para poder abrir um caminho", afirma Zorrinho.
Da reunião de hoje, dos ministros da justiça e da administração interna da UE mais do que palavras , Carlos Zorrinho espera medidas concretas. Menos otimista nessa possibilidade, por considerar difícil um acordo está Paulo Rangel. O eurodeputado do PSD duvida que os ministros cheguem a um acordo , mas defende que neste momento são necessárias quotas. " A receção de 5 mil , 6 mil , 7 mil 8 mil refugiados por dia é uma coisa que nenhum país pode aguentar", diz Rangel.
Marisa Matias, do Bloco de Esquerda defende que o problema não se resolve com divisões matemáticas. " Os pedidos de asilo que temos , mais de 100 mil são de crianças, não são perigosos terroristas que estão a pedir asilo", afirma a eurodeputada que defende que " a questão das quotas é delicada porque não se pode fazer uma divisão meramente matemática, é preciso ter em conta que é de pessoas que estamos a falar e questões como a reunificação familiar devem ser salvaguardadas".
As opiniões dos eurodeputados que se dividem também quando se fala de uma intervenção militar contra o estado islâmico. Marisa Matias e João Ferreira consideram que "a guerra só provoca mais guerra", Carlos Zorrinho não se pronuncia e o Paulo Rangel defende que "a única solução, quer se goste ou não , é uma operação militar".