Em causa está o caso Bárcenas sobre a existência de uma contabilidade paralela no PP. Ontem, o El Mundo divulgou uma troca de mensagens entre o primeiro-ministro e o ex-tesoureiro do PP.
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O presidente do Governo espanhol diz que não vai demitir-se e que vai cumprir até ao fim o mandato que lhe foi confiado pelos espanhóis.
Esta tarde, em declarações feitas numa conferência de imprensa ao lado do primeiro-ministro da Polónia, Mariano Rajoy transmitiu que continua a ser essa a sua disposição - um estado de espírito impermeavel à demissão reivindicada ontem pelo PSOE e pela Esquerda Unida.
«O Estado de Direito não se submete a chantagem», disse, acrescentando que a justiça vai continuar a fazer o seu trabalho «sem nenhuma pressão», «indicação» ou «ingerência».
«Um primeiro-ministro não pode sair de cada vez que insinuações, rumores ou informações interessadas de todo o tipo são publicadas», afirmou.
As declarações de Mariano Rajoy foram feitas pouco depois de Luis Bárcenas ter assumido em tribunal, em Madrid, que é o autor dos documentos sobre a existência de uma contabilidade paralela do Partido Popular (PP) e que alegadamente fazem prova da transferência de verbas para figuras do Partido Popular, entre elas o atual primeiro-ministro de Espanha.
O ex-tesoureiro, que geriu as contas do Partido Popular espanhol durante cerca de 18 anos, está detido desde 27 de junho e abandonou a estratégia anterior de negar a autoria das anotações e a entrega dessas notas ao jornal El Pais em janeiro, para passar a afirmar que o PP se financiou ilegalmente durante duas décadas.
Nesta presença em tribunal, a quarta desde que em dezembro foram detetadas contas em seu nome em bancos suíços, o ex-tesoureiro é assistido pela primeira vez pelo seu novo advogado, o ex-juiz da Audiência Nacional Javier Gómez de Liaño.
A viragem na estratégia de defesa ficou patente na segunda-feira passada com a renúncia dos dois advogados que o defendiam desde que foi conhecido o caso Gürtel, há quatro anos.
Sobre esse processo, o presidente do Governo espanhol diz que não cederá a chantagens, mas disse estar pronto a colaborar com a justiça.