A decisão foi anunciada depois de reuniões com os vários partidos com assento parlamentar.
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O rei Filipe VI terminou, esta terça-feira, as reuniões com os vários partidos com assento no parlamento Espanhol e propôs Alberto Núñez Feijóo como candidato a formar Governo, na sequência das eleições legislativas de 23 julho, cabendo agora ao Parlamento votar a investidura. A casa real ainda vai emitir um comunicado com mais detalhes.
O Partido Popular (PP, direita) foi o mais votado nas eleições e Feijóo já tinha dito esta terça-feira que, por causa disso, era candidato a primeiro-ministro, apesar de não ter os apoios parlamentares que lhe garantam a investidura.
Também o líder do Partido Socialista espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, o segundo mais votado nas eleições, mas que tem mais aliados potenciais no parlamento do que o PP, afirmou que era candidato a primeiro-ministro.
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A decisão do rei Felipe VI foi comunicada publicamente pela presidente do parlamento espanhol, Francina Armengol, que acrescentou que vai agora contactar com Feijóo para ver com o líder do PP qual a data mais oportuna para agendar o debate e a votação de investidura.
Cabe agora à Mesa do Congresso dos Deputados agendar o debate e votação de investidura de Feijóo como primeiro-ministro.
Feijóo disse esta terça-feira, numa conferência de imprensa após o encontro com o rei, que precisará "de tempo" para negociar com outros partidos antes de se submeter à votação do parlamento, o que não poderá acontecer num prazo de "horas ou dias".
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Se a investidura falhar, o rei deverá repetir a ronda de audiências com os partidos e indicar novo candidato a primeiro-ministro, como já aconteceu no passado. O Parlamento tem dois meses, a partir da primeira votação de investidura falhada, para eleger um primeiro-ministro.
Se esse prazo terminar sem uma investidura, o Parlamento dissolve-se automaticamente e haverá novas eleições 47 dias depois.
Feijóo afirmou que conta com o apoio de 172 deputados, "a apenas quatro da maioria absoluta". Já Sánchez defendeu que ficou provado que consegue reunir o apoio maioritário dos 350 deputados na semana passada, quando os socialistas ficaram com a presidência do parlamento, através dos 178 votos de uma geringonça de partidos que inclui nacionalistas e independentistas bascos, catalães e galegos.
Como já aconteceu no passado, quatro partidos nacionalistas e separatistas recusaram reunir-se com o rei de Espanha, a quem não reconhecem legitimidade política. Os quatro partidos que não transmitiram ao rei o seu sentido de voto no Parlamento são potenciais aliados do PSOE e de Pedro Sánchez, que é também o atual primeiro-ministro em funções.
Esta foi a primeira vez na democracia espanhola que dois líderes de partidos disseram ao rei que estavam disponíveis para serem candidatos a primeiro-ministro. Tanto Feijóo como Sánchez disseram que respeitariam a decisão de Felipe VI e o líder dos socialistas colocou o ónus de uma investidura "falhada" no presidente do PP.
Sánchez disse que a tentativa de investidura de Feijóo falhará de certeza, mas afirmou que o líder do PP "tem o direito" de voltar a confrontar-se com uma "realidade emanada da vontade popular", como já aconteceu na semana passada, com a eleição da presidência do parlamento.