O anúncio surge menos de 24 horas depois de o Rei de Espanha ter indicado o líder do Partido Popular como candidato a primeiro-ministro.
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O debate e a votação da investidura de Alberto Núñez Feijóo foram, esta quarta-feira, agendados para os dias 26 e 27 de setembro.
A sessão plenária irá começar com a apresentação por parte de Feijóo do programa político de governo com o qual pretende obter a confiança do parlamento e ser eleito primeiro-ministro de Espanha.
Numa primeira votação, o líder do PP precisa de uma maioria absoluta, 176 votos, para ser eleito.
Caso não obtenha os votos necessários nesta primeira tentativa, será realizada uma segunda votação 48 horas depois, na qual o candidato precisa de alcançar uma maioria simples para ser nomeado chefe do Governo.
Este anúncio surge menos de 24 horas depois de o Rei de Espanha ter indicado o líder do Partido Popular como candidato a primeiro-ministro, na sequência das eleições legislativas de 23 julho.
Felipe VI tomou a decisão depois de uma ronda de audiências, na segunda e terça-feira, com os partidos que conseguiram representação parlamentar nas eleições.
O Partido Popular (PP, direita) foi o mais votado nas eleições e Feijóo já tinha dito que, por causa disso, era candidato a primeiro-ministro, apesar de não ter os apoios parlamentares que lhe garantam a investidura.
Também o líder do Partido Socialista espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, o segundo mais votado nas eleições, mas que tem mais aliados potenciais no parlamento do que o PP, afirmou que era candidato a primeiro-ministro.
A decisão do Rei Felipe VI foi comunicada publicamente pela presidente do parlamento espanhol, Francina Armengol, que acrescentou que vai agora contactar com Feijóo para ver com o líder do PP qual a data mais oportuna para agendar o debate e a votação de investidura.
Feijóo disse na terça-feira , numa conferência de imprensa após o encontro com o Rei, que precisará "de tempo" para negociar com outros partidos antes de se submeter à votação do parlamento, o que não poderá acontecer num prazo de "horas ou dias".
Se a investidura falhar, o Rei deverá repetir a ronda de audiências com os partidos e indicar novo candidato a primeiro-ministro, como já aconteceu no passado.
O parlamento tem dois meses, a partir da primeira votação de investidura falhada, para eleger um primeiro-ministro.
Se esse prazo terminar sem uma investidura, o parlamento dissolve-se automaticamente e haverá novas eleições 47 dias depois.
Feijóo afirmou na terça-feira que conta com o apoio de 172 deputados, "a apenas quatro da maioria absoluta".
Já Sánchez defendeu que ficou provado que consegue reunir o apoio maioritário dos 350 deputados na semana passada, quando os socialistas ficaram com a presidência do parlamento, através dos 178 votos de uma 'geringonça' de partidos que inclui nacionalistas e independentistas bascos, catalães e galegos.
Como já aconteceu no passado, quatro partidos nacionalistas e separatistas recusaram reunir-se com o Rei de Espanha, a quem não reconhecem legitimidade política.
Os quatro partidos que não transmitiram ao Rei o seu sentido de voto no parlamento são potenciais aliados do PSOE e de Pedro Sánchez, que é também o atual primeiro-ministro em funções.
Esta foi a primeira vez na democracia espanhola que dois líderes de partidos disseram ao Rei que estavam disponíveis para serem candidatos a primeiro-ministro.
Tanto Feijóo como Sánchez disseram na terça-feira que respeitariam a decisão de Felipe VI e o líder dos socialistas colocou o ónus de uma investidura "falhada" no presidente do PP.
Sánchez disse que a tentativa de investidura de Feijóo falhará de certeza, mas afirmou que o líder do PP "tem o direito" de voltar a confrontar-se com uma "realidade emanada da vontade popular", como já aconteceu na semana passada, com a eleição da presidência do parlamento.