Feijóo pede a Sánchez que o deixe governar e promete eleições dentro de dois anos
Alberto Núñez Feijóo terá ainda pedido a Sánchez que facilite a investidura de um Governo liderado por ele.
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Pedro Sánchez e Alberto Núñez Feijóo reuniram-se, esta quarta-feira de manhã, durante uma hora nas cortes espanholas e, segundo a imprensa do país, Feijóo terá oferecido ao líder dos socialistas espanhóis uma legislatura curta de apenas dois anos com novas eleições gerais em 2025.
Feijóo terá ainda pedido a Sánchez que facilite a investidura de um Governo liderado por ele e evite o risco de novas eleições no final deste ano. Já Sánchez, o ainda primeiro-ministro, sugeriu a Feijóo que aceite garantir a estabilidade do poder judicial em Espanha.
O líder do Partido Popular pediu também a Sánchez que defenda "a integridade territorial da nação espanhola", rejeitando "os pedidos de referendo sobre a independência e de amnistia", avança o jornal espanhol El Mundo, citando fontes do partido. Além disso, o líder popular ofereceu pactos de Estado para conseguir uma regeneração democrática, com o objetivo de garantir a viabilidade do Sistema Nacional de Saúde e recuperação económica.
Já depois da reunião, Feijóo deu uma conferência de imprensa em que justifica a reunião com o PSOE e garante que se irá reunir também com as restantes forças políticas de Espanha.
"Lamentavelmente já se sabia de antemão que ao PSOE não lhe interessa uma investidura entre partidos constitucionalistas, mas quero manter estes contactos por três razões: é uma questão democrática, não renuncio a entender-me com os partidos nacionais e porque a minha opção de governo é e será sempre de defender a igualdade de todos os espanhóis. Esta é uma questão democrática porque sou o candidato à investidura, porque ganhei as eleições e porque o chefe do Estado assim me encarregou e a legislatura não pode parar-se. No que depender de mim vai continuar porque foi para isso que tivemos eleições gerais. Ainda que agora pareça mais impossível, não renuncio a que algum dia os principais partidos de Espanha possam dar a mão, caminhar juntos, entender-se e trabalhar pelos interesses gerais do país", afirmou Feijóo.
Segundo Feijóo, o líder do PSOE recusou esta proposta e "prefere fazer acordos com independentistas" e "negociar amnistias e referendos". O presidente do Partido Popular referia-se às exigências de forças políticas catalãs para a viabilização de um novo Governo de esquerda em Espanha, relacionadas com os condenados e acusados pela justiça pela tentativa de autodeterminação da Catalunha de 2017, para quem pedem uma amnistia.
"Constatei a recusa do secretário-geral do partido socialista à proposta de igualdade de todos os espanhóis", afirmou Feijóo, que acrescentou que Sánchez está disposto a aceitar as "exigências de partidos minoritários e que não respeitam a Constituição" para continuar à frente do Governo do país.
O presidente do PP disse que propôs a Sánchez "seis grandes pastos de Estado" e que os socialistas viabilizassem um Governo dos populares para uma legislatura de dois anos, o tempo para pôr em marcha esses acordos.
Passado esse período, o PP comprometia-se a convocar novas eleições, disse Feijóo, que afirmou ter proposto pactos para reformas que considera serem necessárias no país, relacionadas, entre outras áreas, com a sustentabilidade do serviço público de saúde, as pensões, a gestão da água, a reorganização de instituições como o Senado, "o saneamento" económico ou a independência do poder judicial.
Feijóo sublinhou que PP e PSOE obtiveram mais de 60% dos votos nas últimas eleições e que os partidos que defendem a Constituição e a integridade territorial de Espanha superaram os 90%, sendo "incompreensível" que os separatistas, que tiveram 6%, "possam condicionar a governabilidade e decidir as políticas de Estado".
A reunião ocorreu um dia depois de o líder do Partido Popular ter contactado Sánchez, através da rede social WhatsApp, solicitando uma reunião no quadro da ronda de contactos promovida por Feijóo no sentido de alcançar apoios para a eventual investidura como chefe do Governo de Espanha.
Fontes do PP afirmaram que no primeiro contacto, Feijóo sugeriu a Sánchez uma "conversa telefónica" sobre o assunto. Segundo fontes socialistas, o primeiro-ministro em funções e líder do PSOE concordou com o contacto e propôs três datas, incluindo terça-feira, quarta-feira ou quinta-feira, deixando a marcação definitiva a cargo dos chefes de gabinete dos dois partidos.
Para o PP o encontro entre os dois líderes é próprio da "normalidade democrática" e vai "marcar a agenda posterior às eleições do passado dia 23 de julho" assim como a "atualidade" que antecede o debate da - eventual - tomada de posse marcado para o dia 26 de setembro.
O líder do PSOE, Pedro Sánchez, disse na semana passada acreditar que tem condições para reunir os apoios parlamentares necessários para voltar a encabeçar o governo de Espanha. Sánchez disse que o PSOE acredita "ter condições para reunir os apoios parlamentares exigidos" para voltar a formar governo, "como ficou comprovado" em 17 de agosto, durante a eleição da presidência do Congresso dos Deputados (o parlamento espanhol), que ficou nas mãos dos socialistas.
O PSOE foi o segundo mais votado nas eleições de 23 de julho, mas tem mais apoios no parlamento do que o PP, pelo que aspira a formar governo com os votos dos deputados de uma 'geringonça' de forças regionalistas, nacionalistas e independentistas.
Se a investidura de Feijóo como primeiro-ministro falhar, o Rei de Espanha poderá indicar outro candidato ao cargo ao parlamento.