
Dylan Martinez/ Reuters
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou hoje que o referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia será realizado a 23 de junho deste ano. A consulta pública irá decorrer numa quinta-feira. Dois ministros já anunciaram que vão fazer campanha pelo Sim.
Depois de apresentar à sua equipa governamental o acordo alcançado sexta-feira à noite em Bruxelas com os parceiros comunitários, Cameron confirmou que a posição oficial do governo britânico será defender a continuidade do país numa "Europa reformada".
Numa breve declaração em frente ao número 10 de Downing Street (residência oficial e gabinete do primeiro-ministro britânico), Cameron qualificou o referendo de junho como "uma das maiores decisões" que o país e o povo britânico terão de enfrentar.
Depois de uma reunião de duas horas com o seu executivo, o primeiro-ministro britânico argumentou que o Reino Unido ficará "mais seguro, mais forte e mais próspero no seio de uma União Europeia reformada", acrescentando que as concessões negociadas na sexta-feira com os outros líderes comunitários dão ao país "o melhor dos dois mundos".
"A escolha incide em que tipo de país que queremos ser", afirmou Cameron, alertando que os defensores de uma saída britânica da UE, conhecida como 'Brexit', estão a oferecer "um risco num momento de incerteza, um salto no escuro".
"Deixar a Europa iria ameaçar a nossa economia e a nossa segurança nacional", reforçou.
A data do referendo ainda tem de ser formalizada pelo parlamento britânico, onde David Cameron irá intervir na segunda-feira.
Segundo uma sondagem publicada na sexta-feira, a opção de abandonar a UE venceria num referendo no Reino Unido por dois pontos percentuais a opção de permanência no bloco comunitário.
Dois ministros já anunciaram que vão fazer campanha pelo Sim. O ministro das finanças foi o primeiro a anunciar o apoio ao sim, no referendo britânico. Em declarações esta manhã à BBC, George Osborne fez eco das palavras de David Cameron, dizendo que o acordo conseguido em Bruxelas, junta o melhor de dois mundos, ao conferir um estatuto especial ao Reino Unido.
George Osborne avisa que sair da UE seria um grande salto no escuro, com riscos para a economia e segurança dos britânicos.
Outra voz a favor do sim é a da ministra do interior, Theresa May, que antes do inicio da reunião do conselho de ministros em Downing Street, fez saber que a UE está longe de ser perfeita. Mas Theresa May considera que é do interesse nacional continuar na Europa comunitária.
A ministra britânica do interior sublinha no entanto, que o acordo conseguido com Bruxelas, faz parte de um processo de mudança que ainda vai continuar.
Do lado da oposição trabalhista, o líder Jeremy Corbyn já fez saber que também vai fazer campanha pelo sim, mas não deixou de fazer criticas a David Cameron.
O líder trabalhista considera que o acordo foi apenas uma encenação de Cameron, para os críticos dentro do Partido Conservador.
Corbyn diz mesmo que o acordo foi uma oportunidade perdida, já que as medidas negociadas são irrelevantes para enfrentar os problemas da maioria da população britânica.