Novas estimativas das Nações Unidas, apresentadas esta segunda-feira pela Alta Comissária para os Direitos do Homem, Navi Pillay, indicam que a repressão de protestos contra o regime do presidente sírio Bashar al-Assad já fez perto de cinco mil mortos.
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Segundo os números que Navi Pillay apresentará ao Conselho de Segurança da ONU, num documento a que agências internacionais tiveram acesso, mais de 14 mil pessoas foram presas pelas forças de segurança e 12.400 fugiram da Síria desde o início da contestação popular ao regime de Assad em Março.
Em declarações à imprensa após a sessão de duas horas, em que falou também da situação na Palestina, Pillay considerou «chocante» a duplicação de vítimas mortais desde Agosto, quando o Conselho de Segurança fez uma declaração presidencial condenando a violência e apelando ao diálogo político.
A apresentação de hoje «foi levada muito a sério pelos membros do Conselho e todos disseram que este nível de violência tem de parar», disse Pillay.
«Baseada nas provas e na natureza vasta e sistemática de mortes, detenções e torturas, achei que estas constituem crimes contra a Humanidade e recomendei que devia haver uma remissão do caso para o TPI», adiantou a alta comissária.
Após a apresentação, os embaixadores de França, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos subiram de tom as críticas ao Conselho, este mês presidido pela Rússia.
Gerard Araud, da França, considerou «escandalosa» a inactividade do Conselho, que é «moralmente responsável pelo que se passa hoje na Síria, pelo sofrimento do povo sírio».
Para o embaixador do Reino Unido, Mark Lyall Grant, a apresentação de Pillay foi a «mais aterrorizante que o Conselho ouviu nos últimos dois anos».
Peter Wittig, da Alemanha, afirmou-se «chocado» com o relato de Pillay, que mostrou «um padrão consistente e indicou que a repressão de população civil é política de Estado na Síria».
Afirmou ainda temer que o regime esteja a «preparar algo em Homs», uma vaga de «mais repressão» sobre a população da cidade.
A "número dois" da missão dos Estados Unidos, Rosemary DiCarlo, reforçou a crítica à inatividade do Conselho, que desafiou a estar «do lado certo da história e em defesa do povo sírio».