O primeiro jornalista ocidental a entrevistar Bin Laden, em Dezembro de 1996, falou com a TSF sobre a morte do líder da Al-Qaeda considerando que não vai levar ao aumento do terrorismo.
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No mundo há hoje um sentimento de vitória e alívio mas também de alerta devido ao que a morte de Bin Laden pode representar, por exemplo no aumento do terrorismo.
O presidente Barack Obama foi o primeiro a alertar para esse risco, pedindo aos americanos nos EUA e no estrangeiro que estejam atentos.
A TSF conversou com Robert Fisk, o primeiro jornalista ocidental a entrevistar em Dezembro de 1996 Osama Bin Laden, que disse não acreditar que a morte do líder da Al-Qaeda leve ao aumento do terrorismo.
«A Al-Qaeda pode tentar vingar-se e matar, mas nos últimos tempos não temos ouvir falar muito desta organização. Os americanos dizem que o terrorismo vai aumentar, mas não tenho assim tanta certeza», referiu o jornalista britânico.
«Com a população do Médio Oriente a revoltar-se e a destruir os ditadores, para que tem servido a Al-Qaeda? O Bin Laden disse-me que queria destruir os ditadores mas a verdade é que não o fez, foram as pessoas. A Al-Qaeda falhou o sem objectivo. Vejam o que está a acontecer no Egipto, na Tunísia, na Líbia e na Síria, e sem o apoio da Al-Qaeda», explicou.
Robert Fisk frisou na TSF que não considera esta morte «assim tão importante», explicando que Bin Laden criou a rede terrorista mas depois ficou na «sombra».
«Não penso que ele [Bin Laden] seja muito importante, acho que deixou de o ser. A sua grande conquista foi criar a Al-Qaeda, e ele criou a organização há muito tempo, não era [actualmente] alguém que estivesse a trabalhar nisso directamente», sublinhou.
«O facto é que as revoltas a que assistimos no Egipto, na Tunísia, na Líbia e agora na Síria, mostraram que os muçulmanos não querem um estilo islâmico como o de Osama, querem a liberdade e a democracia. Penso que quando estas revoluções acontecem, a Al-Qaeda morre politicamente», comentou Robert Fisk.
Apesar das dúvidas que têm sido levantadas, nas últimas horas, sobre a autenticidade da fotografia do rosto de Bin Laden, o jornalista britânico disse não ter dúvidas de que o líder da organização terrorista esteja mesmo morto.
«Acho que ele está morto, tenho a certeza que os norte-americanos testaram o seu ADN. Mas vai haver sempre pessoas no Médio Oriente a dizer que ele está vivo, muitos ainda acreditam que o Sadam Hussein está vivo», revelou Robert Fisk à TSF.