Rússia diz que EUA demonstram "fraqueza" ao fornecerem bombas de fragmentação à Ucrânia
O Ministério russo dos Negócios Estrangeiros fala num "ato de desespero" por parte dos EUA.
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A Rússia defende que os Estados Unidos demonstram "fraqueza" ao decidirem fornecer bombas de fragmentação à Ucrânia.
"É um ato de desespero e demonstra fraqueza no contexto do falhanço da contraofensiva ucraniana", afirmou Maria Zakharova, porta-voz Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, em comunicado.
A diplomacia russa denunciou uma "tentativa cínica de prolongar a agonia das atuais autoridades ucranianas sem se preocupar com as vítimas civis" dessas bombas que matam indiscriminadamente ao dispersar pequenas cargas explosivas antes ou depois do impacto.
"Ao fornecer munições 'cluster', Washington será de facto cúmplice da contaminação e partilhará total responsabilidade pelas mortes causadas pelas explosões, incluindo as de crianças russas e ucranianas", continuou Moscovo.
Já esta manhã, o embaixador da Rússia nos Estados Unidos, Anatoli Antonov, considerou a decisão de enviar bombas de fragmentação para a Ucrânia como mais uma provocação dos EUA que "aproxima a humanidade de uma nova guerra mundial".
Antonov descreveu a ação dos EUA como um "gesto de desespero", mostrando que os EUA "e os seus satélites se aperceberam da sua impotência".
Neste sentido, o representante russo denunciou "a brutalidade e o cinismo" das autoridades norte-americanas ao abordar "a questão do fornecimento de armas letais a Kiev".
O Presidente dos EUA disse que foi "difícil", mas necessária, a decisão de enviar bombas de fragmentação para a Ucrânia, como parte do novo pacote de ajuda militar, justificado por "os ucranianos estão a ficar sem munição".
Numa entrevista à cadeia de televisão CNN, Joe Biden indicou que a decisão foi acertada com os aliados, apesar das reservas da Alemanha e das críticas da organização não-governamental Human Rights Watch (HRW).
As bombas de fragmentação foram proibidas em mais de uma centena de países devido ao risco de causar danos a civis, uma vez que muitos subprojéteis lançados não explodem, podendo permanecer enterrados no solo e serem acionados facilmente.
A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia foi justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia, invasão condenada pela comunidade internacional que tem respondido com envio de armamento, além da imposição de sanções políticas e económicas à Rússia.
Mais de nove mil civis, incluindo 500 crianças, foram mortos desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022, disse a Missão de Monitorização dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia, num comunicado divulgado na sexta-feira, dia em que os combates ultrapassaram a marca dos 500 dias.