O Governo ucraniano acusou hoje os rebeldes pró-russos, suspeitos de terem abatido o avião da companhia da Malásia, de «procurarem destruir, com o apoio da Rússia, as provas deste crime internacional». Já a Rússia exigiu da Ucrânia respostas sobre o abate do avião, acusando o Governo de Kiev de ser o responsável.
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«Os terroristas transportaram 38 corpos de vítimas para a morgue de Donetsk, onde especialistas a falar com um sotaque russo declararam que iriam proceder às autópsias», refere um Governo, numa declaração oficial.
O texto divulgado salienta que «os terroristas procuram também meios de transporte de grande capacidade para levar os destroços do avião para a Rússia».
O grupos separatistas estão também a impedir o acesso ao local do acidente do Boeing 777 da Malaysia Airlines a investigadores ucranianos e a observadores internacionais, aponta a declaração.
Uma equipa da AFP que se encontra hoje na região do acidente disse que rebeldes armados estão a impedir os jornalistas de acederem ao local e atiraram para o ar como forma de aviso.
Um comandante rebelde disse que dezenas de corpos foram retirados para a morgue de Donetsk, quando os elementos das equipas de resgate sob a sua alçada continuam a recolher partes de corpos.
«Foram levados 27 corpos» esta manhã, disse o comandante rebelde, recusando identificar-se.
Por seu turno, a Rússia exigiu da Ucrânia respostas sobre o abate do avião da Malaysia Airlines, numa zona controlada pelos separatistas ucranianos pró-russos, acusando o Governo de Kiev de ser o responsável.
O vice-ministro da Defesa, Anatoly Antonov, que falava hoje à televisão nacional, deixou uma lista de 10 perguntas «simples» ao Governo ucraniano, que defende serem fundamentais para determinar quem abateu o avião da companhia aérea malaia.
«As respostas a estas questões permitirão a todos nós, não só na Rússia, mas também no Ocidente e no Oriente, na Ásia, tentar encontrar uma resposta à pergunta mais importante: o que aconteceu no céu sobre a Ucrânia e o que precisamos de fazer para que isso não volte a acontecer», questionou Antonov.
O vice-ministro instou Kiev a divulgar detalhes sobre a sua alegada utilização de sistemas de mísseis Buk, no leste da Ucrânia, e explicar por que razão estes estavam operacionais se os separatistas não possuem aviões.
Entretanto, observadores internacionais da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) disseram à Agência France Presse que esperam voltar hoje à tarde ao local do acidente, depois de, na sexta-feira, os rebeldes armados só lhes terem permitido um acesso muito limitado àquela área.
Investigadores da Holanda e da Malásia já foram para a Ucrânia esperando chegar ao local do acidente.
O Boeing 777 da Malaysia Airlines, que fazia a ligação entre Amesterdão e Kuala Lumpur sob o número MH17, caiu quinta-feira na região leste da Ucrânia com 298 pessoas a bordo, depois de, alegadamente, ter sido atingido por um míssil que a comunidade internacional diz ter sido disparado pelos rebeldes pró-russos.