O regime sírio, que reprime violentamente há um ano uma revolta popular, anunciou hoje que termina as operações militares na quinta-feira de manhã, mas advertiu que responderá a qualquer ataque «terrorista».
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Acusado várias vezes pela comunidade internacional de não respeitar os seus compromissos, Damasco deverá respeitar um cessar-fogo a partir das 6h00 locais de quinta-feira (4h00 em Lisboa), como determina o plano de paz apresentado por Kofi Annan, emissário da ONU e da Liga Árabe para a Síria.
«Depois de as nossas forças armadas terem completado com sucesso as operações de combate a atos criminosos de grupos terroristas armados e terem reforçado a autoridade do Estado no seu território, foi decidido cessar essas operações a partir de quinta-feira de manhã», indicou um responsável do Ministério da Defesa.
Contudo, as forças governamentais vão manter-se preparadas «para responder a qualquer agressão de grupos terroristas armados», acrescentou em referência aos rebeldes, também obrigados a respeitar o cessar-fogo.
Kofi Annan anunciou ter recebido uma carta do regime de Damasco a dar conta do compromisso.
A Rússia, principal aliada do regime do presidente Bashar al-Assad, anunciou também a promessa das autoridades sírias e exortou a «oposição armada» a respeitar as tréguas.
Moscovo e Pequim bloquearam duas resoluções do Conselho de Segurança da ONU a condenar a repressão do movimento de contestação na Síria que fez, desde março de 2011, mais de 10 mil mortos, segundo números do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma organização não governamental.
Antes do anúncio de Damasco, vários países ocidentais manifestaram a preocupação pelo facto de as autoridades sírias não terem retirado, como previsto no plano, as tropas e tanques dos centros urbanos até terça-feira.
A embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, Susan Rice, defendeu mesmo «uma ação coletiva» para acentuar a pressão sobre Damasco em caso de violação do cessar-fogo.
Depois de na terça-feira ter acusado o regime de Assad de retirar os tanques de um lado para os colocar noutro tendo em vista desencadear novas ofensivas e de ter sublinhado que o regime não deu quaisquer «sinais de paz», Kofi Annan manifestou hoje alguma esperança.
«Se todos respeitarem o cessar-fogo, penso que a partir das 6h00 de 12 de abril devemos ver uma melhoria da situação no terreno», declarou o antigo secretário-geral da ONU numa visita a Teerão, outro aliado da Síria.
Mas, a algumas horas do fim da violência, as forças do regime destacadas em várias localidades continuavam as operações militares, nomeadamente em Homs, Deraa, Alepo e Deir Ezzor, provocando a morte de 11 civis, segundo o OSDH.
A crise na Síria, que a comunidade internacional não foi, até agora, capaz de resolver, está na agenda do G8 que hoje se reúne em Washington.