Sismo de 8.8 na península russa de Kamchatka. Tsunamis na Rússia e Japão, Pacífico em alerta
O epicentro foi localizado no mar a 126 quilómetros da costa de Petropavlovsk-Kamchatsky, no extremo oriente russo, e a uma profundidade de 18 quilómetros. Este é o abalo mais forte naquela região desde 1952
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Um sismo de magnitude 8.8 atingiu, esta quarta-feira, a península russa de Kamchatka, na costa leste do país, provocando tsunamis na Rússia e no Japão e obrigando à emissão de alertas em várias regiões do Pacífico, desde o Alasca, Havai e Nova Zelândia. Até ao momento não foram reportados feridos graves.
Na cidade de Severo-Kourilsk, no norte do arquipélago russo das ilhas Curilas, vários tsunamis inundaram as ruas e parte dos dois mil habitantes foram retirados, de acordo com o Ministério de Situações de Emergência. O estado de emergência foi declarado naquela área.
"A quarta onda do tsunami está a chegar. A onda é muito grande, está tudo inundado, toda a costa está inundada", testemunhou um habitante num vídeo publicado pelo jornal russo Izvestia.
De acordo com o presidente da câmara da cidade, citado pela agência estatal russa Tass, um dos tsunamis arrastou para o mar os navios que estavam ancorados.
O abalo ocorreu às 00h25 (hora de Lisboa) e o epicentro foi localizado no mar a 126 quilómetros da costa de Petropavlovsk-Kamchatsky, no extremo oriente russo, e a uma profundidade de 18 quilómetros. Esta magnitude é a mais forte registada em Kamchatka desde 5 de novembro de 1952, quando um terramoto de magnitude 9, ocorrido praticamente no mesmo local, provocou tsunamis devastadores em todo o Oceano Pacífico.
No Japão, até ao momento, foram registados tsunamis de até 1,3 metros de altura na localidade de Kuji, na prefeitura de Iwate, e de 80 centímetros na península de Nemuro, em Hokkaido, ambos no norte do país. Foi igualmente observado um tsunami de 30 centímetros no porto de Yokohama, a sul de Tóquio.
Quase dois milhões de pessoas receberam ordens para abandonar as suas habitações ou zonas costeiras devido ao risco de tsunami. Em Hokkaido, a maior ilha do arquipélago japonês, situada no norte e a mais próxima de Kamchatka, as autoridades locais emitiram ordem de retirada de nível máximo (5 em 5) para 10.463 cidadãos da cidade costeira de Urakawa.
Além disso, mais de 1,9 milhões de pessoas em 21 prefeituras ao longo da costa do Pacífico do Japão receberam avisos de retirada de nível 4, que apelam para a "retirada de zonas perigosas" - tais como as que se encontram perto do mar e da foz dos rios - "o mais rapidamente possível antes que a situação se agrave".
As pessoas que conseguiram deixar as casas onde vivem foram acolhidas em locais designados como abrigos públicos para catástrofes naturais, incluindo estações de caminho de ferro, hospitais, centros cívicos, escolas e parques situados em terrenos elevados.
Os funcionários da central nuclear de Fukushima (norte), destruída por um forte terramoto e um tsunami em março de 2011, foram retirados, informou a operadora da infraestrutura. "Não se aventurem no mar e não se aproximem da costa até que o alerta seja levantado", apelou a Agência Meteorológica Japonesa (JMA), que prevê ondas de três metros.
"Os habitantes das regiões onde foram emitidos alertas devem retirar-se imediatamente para locais seguros, zonas elevadas ou edifícios de evacuação", insistiu o porta-voz do Governo japonês, Yoshimasa Hayashi.
O alerta nipónico abrange toda a costa norte e leste do arquipélago, até ao sul de Osaka, bem como as pequenas ilhas periféricas. Além disso, nas baías de Tóquio e Osaka, o tsunami poderá atingir um metro.
A China também emitiu um alerta de tsunami para várias zonas da costa leste. “Com base nos mais recentes resultados de alerta e análise, foi determinado que este sismo desencadeou um tsunami, que deverá causar danos em algumas áreas costeiras da China”, indicou o Centro de Prevenção de Tsunamis do Ministério dos Recursos Naturais em comunicado.
O mesmo aconteceu em Taiwan e nas Filipinas. A Agência Meteorológica Central (CWA) de Taiwan emitiu o segundo maior nível de alerta, prevendo que ondas entre 0,3 e um metro possam atingir a costa sudeste e sudoeste da ilha. A agência pediu aos residentes das zonas costeiras que se mantenham atentos e adotem medidas preventivas, embora não tenha ordenado evacuações.
Já as autoridades filipinas alertaram as províncias e localidades da costa leste, virada para o Pacífico, para a possibilidade de ondas de tsunami inferiores a um metro. “Podem não ser ondas muito grandes, mas podem prolongar-se durante horas e expor a perigo quem esteja a nadar no mar”, afirmou Teresito Bacolcol, do Instituto Filipino de Vulcanologia e Sismologia, citado pela agência Associated Press.
Os alertas também chegaram aos Estados Unidos da América. O governador do Havai decretou estado de emergência no arquipélago face à possível chegada de um tsunami e pediu a evacuação de zonas costeiras. "Assinei uma proclamação de emergência e os Centros de Operações de Emergência do estado e do condado estão totalmente ativados. Por favor, levem esta situação a sério", declarou Josh Green nas redes sociais.
Numa conferência de imprensa, o responsável também instou as pessoas a abandonarem as zonas costeiras e a dirigirem-se para o interior destas ilhas vulcânicas no meio do Oceano Pacífico. "Este é o aviso mais grave que se pode ter. Não é um aviso de vigilância. É um aviso, o que significa que devemos evacuar as zonas costeiras de imediato", avisou Green.
Esperam-se "inundações em todas as ilhas, e serão iminentes após a chegada da onda", acrescentou, insistindo: "É de esperar que uma onda de tsunami atinja o estado, e não afetará apenas uma praia. É muito provável que afete as ilhas.
Os Estados Unidos emitiram ainda uma série de alertas de diferentes níveis ao longo da costa oeste norte-americana, do Alasca até toda a costa da Califórnia.
Também o Peru e o México declararam alerta de tsunami para o litoral, assim como o Equador, que evacuou as praias e os portos do arquipélago de Galápagos.
Tsunamis de um a três metros também são possíveis no Chile, na Costa Rica, na Polinésia Francesa e outros arquipélagos.
