Este é "um acontecimento grave que deve constituir um sinal de alerta para que o mundo inteiro atue agora para evitar uma catástrofe humana devastadora".
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A União Europeia afirmou esta sexta-feira estar "profundamente chocada" com a situação de fome em Gaza, onde a iniciativa IPC, apoiada pela ONU, relatou que quase toda a população está em insegurança alimentar e um quarto enfrenta uma situação catastrófica.
Num comunicado conjunto, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, e o comissário europeu para a Gestão de Crises, Janez Lenarcic, salientam que esta é uma "situação sem precedentes", sublinhando que "nunca nenhuma análise do IPC [Classificação das Fases de Insegurança Alimentar] registou tais níveis de insegurança alimentar em qualquer parte do mundo".
Para a UE, a avaliação do IPC, divulgada na quinta-feira, denuncia "um acontecimento grave que deve constituir um sinal de alerta para que o mundo inteiro atue agora para evitar uma catástrofe humana devastadora".
Para evitar que as pessoas em Gaza morram de fome, sublinham os representantes comunitários, deve ser assegurada a proteção de civis e o acesso de ajuda humanitária e de profissionais de saúde, bem como a distribuição de alimentos em quantidade suficiente.
Segundo a iniciativa IPC, "as hostilidades, incluindo os bombardeamentos, as operações terrestres e o cerco de toda a população, provocaram níveis catastróficos de insegurança alimentar aguda em toda a Faixa de Gaza".
A entidade destaca ainda que cerca de 85% da população do enclave palestiniano (1,9 milhões de pessoas) está deslocada e atualmente concentrada numa área geográfica cada vez mais pequena.
A estimativa refere ainda que, entre 24 de novembro de 7 de dezembro, mais de 90% da população da Faixa de Gaza (cerca de 2,08 milhões de pessoas) enfrentava níveis elevados de insegurança alimentar aguda, classificados na Fase 3 do IPC ou acima (crise ou pior).
Entre estes, mais de 40% da população (939 mil pessoas) encontrava-se em situação de emergência (IPC Fase 4) e mais de 15% (378 mil pessoas) em situação de catástrofe (IPC Fase 5).
As escalas do IPC são atualmente utilizadas em 30 países, alguns dos quais enfrentam as piores crises alimentares do mundo.
O Governo do movimento islamita palestiniano Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, anunciou esta semana que as operações militares israelitas fizeram 20 mil mortos no enclave desde o início da guerra, a 7 de outubro, contabilizando também 52.600 feridos.
Israel declarou guerra ao Hamas, em retaliação ao ataque de 7 de outubro perpetrado pelo grupo em território israelita, que fez 1.139 mortos, na maioria civis, de acordo com o mais recente balanço das autoridades israelitas.
Cerca de 250 pessoas foram também sequestradas nesse dia e levadas para Gaza, 129 das quais se encontram ainda nas mãos do movimento islamista, considerado uma organização terrorista pela UE, pelos Estados Unidos e por Israel.