Theresa May garante que os suspeitos da tentativa de homicídio de Skripal e da sua filha são agentes secretos russos. Moscovo diz que não os conhece.
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Horas depois dos serviços secretos britânicos terem identificado dois russos como suspeitos do envenenamento de Sergei Skripal e da sua filha, a primeira-ministra britânica foi mais longe. Theresa May garantiu, em declarações no Parlamento, que ambos são agentes dos serviços secretos russos.
Theresa May revelou aos deputados que as agências de segurança e informações britânicas realizaram suas próprias investigações sobre a organização responsável pelo ataque e concluíram que os homens cuja identidade foi agora revelada são agentes do Serviço de Inteligência Militar da Rússia, também conhecido como GRU.
A GRU, vincou, "é uma organização altamente disciplinada, com uma cadeia de comando bem estabelecida. Então esta não foi uma operação não autorizada. Quase certamente também foi aprovado fora da GRU, a um nível sénior do Estado russo".
Na declaração revelou: "Sabemos que a GRU tem desempenhado um papel fundamental na atividade nefasta da Rússia nos últimos anos. E hoje nós expusemos o seu papel por detrás do desprezível ataque de armas químicas nas ruas de Salisbury. As ações da GRU são uma ameaça para todos os nossos aliados e para todos os nossos cidadãos". May apelou mesmo à intensificação dos esforços coletivos, especificamente contra a GRU.
Sem revelar detalhes, a primeira-ministra disse que o Reino Unido, em conjunto com aliados, vai "implementar toda uma gama de ferramentas de todo o nosso aparato de Segurança Nacional, a fim de combater a ameaça representada pela GRU".
A resposta russa
Do lado russo, a reação não se fez esperar. O Kremlin fala em "manipulação de informação" depois das autoridades britânicas terem identificado oficialmente dois cidadãos russos como suspeitos de terem usado um agente neurotóxico contra um ex-espião russo no Reino Unido em março passado.
Moscovo garante igualmente desconhecer a identidade dos dois indivíduos agora alvo de um mandado de detenção europeu emitido pelas autoridades britânicas.
"Apelamos uma vez mais aos britânicos que acabem com as acusações públicas e com a manipulação de informação", declarou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, citada pela agência noticiosa pública TASS.
"Os nomes e as fotografias que publicaram nos 'media' não nos dizem nada", acrescentou a porta-voz da diplomacia russa, pedindo a Londres para "cooperar" com a Rússia na investigação sobre o envenenamento com 'novichok' (um agente neurotóxico desenvolvido pela então União Soviética no final do período da Guerra Fria) do ex-espião russo Sergei Skripal e da sua filha Yulia Skripal em Salisbury, no sul de Inglaterra, a 4 de março deste ano.
A identificação feita esta manhã pelas autoridades britânicas pode indiciar que está para breve uma acusação formal aos dois suspeitos e adivinha-se um aumento de tensão nas relações diplomáticas entre Londres e Moscovo.