O julgamento dos ataques em Paris começou em 8 de setembro e deve durar até o final de maio. Os réus começam a testemunhar a partir de 2022.
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A partir desta terça-feira mais de 300 sobreviventes e familiares vão tentar explicar por palavras o horror que viveram no dia 13 de Novembro de 2015. Os sobreviventes dos ataques ou familiares das vítimas começam a testemunhar esta terça-feira. As audiências duram quinze minutos e vão decorrer nas próximas cinco semanas.
O presidente do tribunal que julga 20 acusados, seis à revelia, alertou sobre a intenção de ouvir cerca de 15 testemunhas por dia, tarefa difícil para as vítimas, que estão sozinhas em frente aos magistrados e réus.
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No dia 13 de novembro de 2015, Manuel Dias foi a primeira vítima mortal dos atentados de 13 de novembro de 2015 em Saint-Denis e em Paris. Michael Dias, o filho do taxista português, não acredita que este julgamento vá procurar as verdadeiras causas que estão na origem dos atentados.
« Quem tinha interesse em perpetrar atentados em França? Quem deu apoio económico e logístico a esse tipo de atentados? Por que motivo há pessoas que estão dispostas a perder a vida e a humilhar-se desta forma por causas que os ultrapassam ? Por que motivo pessoas nascidas em França aceitam perder a vida e atacar o próprio país ? O que sabia o sistema de informação francês e que fez ou poderia ter feito? » , são algumas interrogações levantadas por Michael Dias
Durante nove meses, as audiências vão pautar-se por emoção e partilha de sofrimento, momentos inúteis para Michael Dias, « o que vai acontecer, como acontece sempre, é que as pessoas vão partilhar a dor, o que elas sofreram, vão partilhar a experiência de luto. Todas estas questões emocionais vão ocupar demasiado espaço e vai ser uma psicoterapia coletiva que não serve nem os interesses das vítimas, nem os interesses dos franceses que vivem com esta ameaça todo o ano", defende.
Embora não tenha aceitado participar nas audiências que começam hoje, Michael Dias espera que a justiça "faça o seu trabalho. Certamente o fará com os meios que tem e com as pessoas que foram apanhadas e que estão a ser julgadas. Não acredito que aquelas pessoas tinham alguma coisa contra o meu pai ou contra as outras vítimas. Essas pessoas são como as que faleceram, carne para canhão ao serviço de interesses que as ultrapassam», defende o filho de Manuel Dias foi a primeira vítima mortal dos atentados de 13 de novembro de 2015 em Saint-Denis e em Paris.
Uma questão frequente é se as vítimas se podem dirigir aos acusados. Todos têm em mente Salah Abdeslam, o principal réu e único membro vivo dos comandos que atacaram Paris.
Desde o início do julgamento, o homem de 32 anos não hesitou em falar. Na semana passada, disse em tribunal que os ataques eram "inevitáveis", mas pediu um "diálogo" para prevenir outros.
O julgamento dos ataques em Paris começou em 8 de setembro e deve durar até o final de maio. Os réus começam a testemunhar a partir de 2022.