Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu suspendem partido do primeiro-ministro eslovaco
A decisão surgiu em reação à criação de uma coligação para o Governo da Eslováquia com o partido de extrema-direita Partido Nacional Eslovaco.
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Os Socialistas e Democratas (S&D) no Parlamento Europeu (PE) decidiram suspender a Direção Social-Democracia (Smer), partido ao qual pertence o primeiro-ministro eleito da Eslováquia, Robert Fico, conhecido pela aproximação ao Kremlin e posições contra o apoio à Ucrânia, e a Voz Social-Democracia (HLAS).
Em comunicado, o S&D anunciou "apoio à decisão unânime pelo presidente do Partido dos Socialistas Europeus de suspender a filiação dos partidos eslovacos SMER e LHAS [Voz Social-Democracia]".
A decisão surgiu em reação à criação de uma coligação para o Governo da Eslováquia com o partido de extrema-direita Partido Nacional Eslovaco: "O memorando de entendimento assinado entre os três partidos não é compatível com os valores progressistas e os princípios da família europeia dos socialistas e democratas."
Na próxima semana vai ser pedida a suspensão dos três eurodeputados eslovacos.
A coligação com a extrema-direita não é a única razão para suspender o partido de Robert Fico. Tanto o SMER como o HLAS têm posições contrárias à generalidade dos partidos políticos incluídos no S&D, nomeadamente o PS em Portugal.
O partido de Robert Fico tem argumentos semelhantes aos de Moscovo, é altamente crítico do apoio da União Europeia (UE) à Ucrânia, tem posições em relação às migrações mais protecionistas do que o S&D, assim como as questões quanto à comunidade LGBTQIA+ "levantaram sérias preocupações e não têm lugar dentro de uma família [política] progressiva".
Na quarta-feira, o SMER anunciou a coligação com o HLAS e o SNS para formar Governo depois das eleições legislativas que se realizaram há 11 dias.
Robert Fico, antigo primeiro-ministro, volta assim, cinco anos depois, a exercer as mesmas funções. No currículo tem um longo historial de posições contrárias ao grupo político do qual o seu partido fez até agora parte.
Em relação à Ucrânia, Fico defende que o apoio já deveria ter acabado e chegou mesmo a anunciar que a Eslováquia não dará um único cêntimo mais para o país que foi invadido pela Rússia.
Bratislava promete ser agora mais um obstáculo a consensos europeuas, nomeadamente em matéria de migrações.
A viabilidade da coligação também levanta dúvidas, já que o líder do HLAS, Peter Pellegrini, abandonou em 2020 o SMER em protesto contra escândalos de corrupção.