O Partido Democrata anunciou hoje a demissão em bloco dos seus deputados para aumentar a pressão sobre o atual Governo, que na segunda-feira enfrenta de novo a contestação nas ruas.
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«A decisão tem como objetivo negar o papel do parlamento sob o regime 'Thanksin'. Nós, os democratas, completamos o nosso dever de oposição», escreveu o deputado Sansern Samalapa na sua conta na rede social twitter.
«Não podemos ficar, não podemos trabalhar com um Governo ilegítimo», disse outro político democrata, Nipit Intarasombat, à televisão Nation Channel.
A renúncia do Partido Democrático surge depois de a primeira-ministra Yingluck Shinawatra, ter oferecido a dissolução do parlamento e a realização de eleições com o objetivo de acabar com os protestos antigovernamentais que têm Banguecoque como palco há várias semanas.
A primeira-ministra declarou, durante uma intervenção transmitida pelas televisões locais, estar disposta a dissolver o parlamento e a ir às urnas 60 dias depois, se for isso que a maioria das pessoas quer.
Yingluck Shinawatra voltou a mostrar-se disponível para dialogar com os manifestantes, que exigem a sua saída e uma mudança do modelo político no país, os quais preparam um protesto massivo para a próxima segunda-feira.
Os manifestantes antigovernamentais não procuram só derrubar o Governo, já que também recusam a realização de eleições gerais sob o atual modelo, considerando que as perderiam.
Invocar o artigo 7º da Constituição para que o rei designe o próximo chefe do Governo, sem que seja necessário ir às urnas, figura entre as principais exigências.
Depois de semanas de aparente acalmia, os protestos antigovernamentais subiram de tom, entre o passado fim de semana e terça-feira, com o registo de confrontos em vários pontos da capital tailandesa, os quais resultaram em pelo menos cinco mortos e dezenas de feridos.
Os violentos incidentes cessaram na manhã de terça-feira, com o executivo a permitir a tomada 'simbólica' por parte dos manifestantes das sedes do Governo e da Polícia Metropolitana.
Os líderes da mobilização antigovernamental e o Executivo assinaram uma 'trégua' nesse mesmo dia - e até quinta-feira - devido ao aniversário do rei Bhumibol Adulyadej, venerado pela maioria dos tailandeses, que é, por norma, celebrado num ambiente de paz e tranquilidade.
O líder dos protestos, o ex-vice-primeiro-ministro no Governo do Partido Democrata (2008-2011) Suthep Thaugsuban pediu aos seus seguidores, esta quinta-feira, um último esforço, marcando a "batalha final" para esta segunda-feira.
Suthep Thaugsuban acusa a atual primeira-ministra de corrupção e de ser um fantoche nas mãos do seu irmão mais velho, o ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra deposto, em 2006, na sequência de um golpe militar, que, segundo os opositores, governa o país a partir do seu exílio no Dubai.