May não atira a toalha ao chão: "Acredito que o rumo que escolhi é o certo para o país"
Theresa May falou ao país depois de seis demissões no governo e uma moção de censura.
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Depois de o ministro britânico para o Brexit Dominic Raab e a ministra do Trabalho e Pensões britânica Esther McVeyo se terem demitido esta quinta-feira em desacordo com o projeto de acordo entre o Reino Unido e a União Europeia, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, insistiu, em conferência de imprensa, que está a seguir o "rumo certo para o país".
May sublinhou que o acordo respeita "os interesses do país" e os votos dos britânicos, que escolheram sair da União Europeia.
"A liderança é sobre tomar as as decisões certas, não as mais fáceis", realçou Theresa May que garantiu que não vai existir um segundo referendo.
A primeira-ministra britânica reconheceu que tem reticências em relação ao backstop - um único território aduaneiro entre UE-Reino Unido (é diferente de um acesso ao mercado interno) que evita a necessidade de tarifas, quotas ou controlos das regras de origem entre a UE e o Reino Unido.
"Não foi uma decisão fácil, ontem tivemos um bom e apaixonado debate sobre isso no Conselho de Ministros - mas acordámos que este é o acordo certo para avançar."
Durante a conferência de imprensa, Theresa May insistiu que este acordo garante que ao Reino Unido "o controlo total das fronteiras, do dinheiro e das leis do país".
A mensagem da primeira-ministra britânica é clara: "Vamos sair da UE no dia 29 de março de 2019."
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Também o ministro júnior para a Irlanda do Norte Shailesh Vara, a ministra júnior para o Brexit Suella Braverman, a ministra-adjunta da Educação Anne-Marie Trevelyan e Ranil Jayawardena, responsável pela ligação entre o ministério da Justiça e o Parlamento anunciaram a saída.
Já Jacob Rees-Mogg, eurocético e deputado do partido Conservador de Theresa May, assinou uma moção de censura contra a primeira-ministra britânica.
Em causa está o rascunho de acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia, que abrange questões como a compensação financeira devida pela saída, os direitos dos cidadãos europeus no Reino Unido e dos britânicos na Europa, e o procedimento para garantir que a futura fronteira na província britânica da Irlanda do Norte com a República da Irlanda, Estado membro da União Europeia, continua a funcionar sem controlos sobre a circulação de pessoas, serviços ou mercadorias.
Esta é uma questão polémica devido ao risco de violar os acordos de paz de 1998 para a Irlanda do Norte, que pôs fim a um conflito de décadas entre republicanos católicos e unionistas protestantes.
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Esta quinta-feira, o presidente do Conselho Europeu anunciou que prevê convocar uma cimeira extraordinária de líderes da União Europeia a 27 para dia 25 de novembro, para "finalizar e formalizar o acordo de Brexit".
O processo de saída do Reino Unido da União deu um passo significativo, mas deixa um Governo em erosão, um partido dividido e uma nação partida. O Brexit está longe de ser um assunto encerrado e há 1001 pedras no caminho de May.