"Tremenda tragédia humanitária." ONU pede libertação de pessoas raptadas pela Coreia do Norte
A Coreia do Norte raptou centenas ou milhares de pessoas de países como o Japão e a Coreia do Sul como parte dos serviços de propaganda e estratégias de espionagem.
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Os embaixadores dos países na Organização das Nações Unidas pediram esta quinta-feira que a Coreia do Norte liberte as pessoas que raptou ao longo dos últimos 50 anos.
O regime de Pyongyang raptou centenas ou milhares de pessoas nas últimas cinco décadas de países como o Japão, a Coreia do Sul, a Malásia ou a Tailândia. Estes raptos servem os meios de propaganda do país, estratégias de espionagem ou mesmo o reforço da população norte-coreana.
O caso mais conhecido é talvez o de Megumi Yokota, que desapareceu em 1977 com apenas 13 anos. O pai morreu sem a voltar a ver e o irmão mais novo é membro da associação dos japoneses
raptados pela Coreia.
Na conferência, contou que a irmã foi violentamente arrancada da família e feita refém como tantos outros e acredita que ainda hoje continuam a gritar silenciosamente por ajuda.
Taku Ia explicou que há 46 anos o coração da família foi arrancado e continua em pedaços e pediu à comunidade internacional para agir. A Kim Jong Un pediu que libertasse os raptados, dizendo-lhe que as famílias não querem informações sobre o país. Querem apenas viver normalmente.
O mesmo apelo foi feito pela embaixadora dos Estados Unidos na ONU.
"Nós apelamos a Pyongyang que traga paz a estas famílias e permita que todas as vítimas voltem a casa", pediu Linda Thomas Greenfield.
Foi isso que Koichiro Izuka procurou a vida toda. Tinha 1 ano quando a mãe desapareceu em Tóquio. Yaeko tinha 22 anos, ia a caminho do trabalho depois de ter deixado os filhos na creche. Durante 25 anos ninguém soube nada dela até que, em 2002, numa cimeira entre o Japão e a Coreia do Norte, o rapto foi admitido.
Sem qualquer prova, Pyongyang anunciou que Yaeko tinha morrido. A família nunca acreditou e continua a ter esperança que ela esteja viva. Koichiro Izuka apelou a Kim Jong Un que mude a política seguida pelo pai e pelo avô porque não há tempo a perder.
Também o embaixador da Austrália na ONU realçou a urgência da situação, visto há familiares a morrer sem resolver a situação.
"Nós pedimos à Coreia do Norte que mude o seu rumo e não volte a esses dias", apelou Mitch Fifield.
O único testemunho de um familiar fora do Japão foi o de Bangong Pardoi, sobrinho de Anocha. Em 1978, com 23 anos, ela desapareceu em Macau, onde trabalhava. Só em 2005 a família soube que ela tinha sido raptada, quando Pyongyang libertou um antigo soldado norte-americano que tinha vivido perto dela. Hoje a família não sabe se está viva ou morta
O embaixador da Coreia do Sul nas Nações Unidas, que também participou na conferência, lembrou que o país foi o mais afetado pelo programa de raptos e explicou que infelizmente quase não houve avanços na questão dos raptados.
Joonkook Hwang lembrou a tragédia que esta situação representa: "O grande número de vítimas, bem como as mortes, a dor e sofrimento é uma tremenda tragédia humanitária."
É por isso que para o ano no Conselho de Segurança de Seul vai insistir para que a comunidade internacional seja mais ativa.
Ao certo, não sabe quantos cidadãos foram raptados ao longo dos anos. Da Coreia do Sul serão quase quatro mil. A maioria conseguiu regressar a casa, mas há cerca de 500 que continuam desaparecidos.
Quanto ao Japão, Pyongyang admitiu ter raptado 17 pessoas. Tóquio fala em centenas. Só cinco conseguiram regressar.