Antigo líder norte-americano vai ser o primeiro da história do país a enfrentar formalmente a justiça.
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O antigo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou-se esta terça-feira num tribunal de Manhattan, em Nova Iorque, para conhecer as acusações que vai enfrentar na justiça.
Sob forte proteção policial, a caravana de oito viaturas transportando Trump e os seus assessores chegou ao tribunal pelas 13h20 (hora local, 18h20 em Lisboa), onde era esperado por milhares de pessoas, entre apoiantes, opositores e jornalistas.
Antes de entrar no edifício, o ex-Presidente não prestou declarações e limitou-se a acenar à multidão.
A sessão está marcada para as 14h15 (19h15 em Lisboa), e o ex-presidente - já tecnicamente sob detenção judicial - deve passar por um protocolo que inclui tirar impressões digitais e, possivelmente, fotografia. Vai declarar-se "inocente", indicou a defesa.
"Parece tão SURREAL -- UAU, eles vão PRENDER-ME. Não acredito que isto está a acontecer na América. MAGA! [Make America Great Again]!", escreveu na Truth Social, rede social que lançou, enquanto se deslocava para o complexo de tribunais a partir da Trump Tower, onde passou a noite.
Também nas redes sociais, atacou o local definido para comparência perante o juiz - "muito injusto, com algumas zonas em que menos de 1% votaram [no partido] Republicano" - e defendeu como alternativa Staten Island, onde o seu partido costuma ter melhores prestações eleitorais.
Outros alvos da sucessão de mensagens foram o próprio juiz Juan Merchan - "altamente parcial, tal como a sua família" - o próprio caso judicial - "uma caça às bruxas" - o ex-procurador Bill Barr que comentava na Fox News - "um total cobarde (...) que "se tornou num escravo virtual dos Democratas" - e as últimas eleições em que perdeu para Joe Biden - "completamente fraudulentas".
Formalmente acusado num caso que envolve o suborno de uma atriz pornográfica, protagoniza aos 76 anos um acontecimento inédito na história do país ao ser o primeiro ex-Presidente a enfrentar a justiça.
Vai comparecer perante o juiz Juan Merchan - o mesmo magistrado que presidiu um julgamento criminal no ano passado no qual a empresa imobiliária do magnata foi condenada por fraude fiscal, mas no qual Trump não foi acusado.
No final da sessão, deve regressar a Mar-a-Lago, a sua mansão na Florida, onde fará declarações sobre todo o processo, informou o gabinete do ex-chefe de Estado norte-americano.
Protestos à entrada
Centenas de apoiantes e opositores do ex-presidente norte-americano trocaram ofensas e acusações junto ao tribunal criminal de Manhattan onde o magnata Republicano compareceu.
Um parque em frente ao tribunal foi o ponto de concentração para ambos os grupos de manifestantes, após a polícia ter montado barreiras metálicas a dividir o espaço, mas também as ideologias.
Contudo, as barreiras físicas não foram suficientes para impedir os ataques mútuos.
"Ele tem de ser preso. Chorem, seus extremistas de direita. Vocês odeiam-nos", gritava um jovem do lado dos opositores de Donald Trump.
"Isto é uma caça às bruxas. Vocês são tendenciosos", respondeu uma mulher defensora do magnata.
Questionada pela Lusa sobre se acredita que Trump é inocente, uma mulher que não se quis identificar respondeu com tentativas de intimidação.
"Imprensa de Portugal? Onde está a imprensa norte-americana? Eu estou aqui para apoiar o meu Presidente, eu sei que ele é inocente, mas se andares por aí a publicar essa propaganda sobre o meu Presidente, sobre o meu país e sobre o país pelo qual o meu pai lutou, eu irei a público e farei com que todos saibam que estás a mentir", disse.
Ao ritmo de tambores, opositores de Trump gritavam "prendam-no, prendam-no, prendam-no", e não faltaram disfarces de Donald Trump vestido de laranja, as cores usadas pelos prisioneiros nos Estados Unidos.
Uma bandeira gigante foi estendida no chão: "Trump mente o tempo todo", podia ler-se e onde ninguém se atreveu a pisar.
"Racistas, racistas, racistas", ouviu-se ainda.
Do outro lado das barreiras metálicas e tentando provar o oposto, apoiantes de Trump erguiam cartazes como "a comunidade chinesa está com Trump", "os homossexuais estão com Trump", "O povo negro está com Trump".
Apesar das dezenas de apoiantes de ambos os lados, o parque encheu-se rapidamente de jornalistas de várias partes do mundo, evidenciando a forte atenção que este caso está a despertar.