TSF em Israel. Momentos em família substituídos por discussões sobre "usar um ou dois sacos para cadáveres"
Yossi é da unidade Zaka, conhecida pela forma como recuperam corpos depois de atentados terroristas, e conta à TSF os horrores que viu desde o dia 7 de outubro.
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Desde o Holocausto que não morriam tantos judeus num só dia. A frase é do Presidente de Israel e está a tornar-se numa espécie de hino contra o esquecimento do dia 7 de outubro de 2023. É com esse objetivo que, nesta altura, Yossi Landau se desdobra em contactos para contar o que viveu neste dia. Primeiro em Sderot e depois em Be'eri, onde ainda apanhou combates entre atacantes do Hamas e residentes no kibutz.
"Salvamos pessoas e ganhamos o que sobra do respeito. É o que fazemos na nossa organização", explica, em declarações à TSF.
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Yossi é da unidade Zaka, mais conhecida pela forma como recuperam corpos depois de atentados terroristas. Desta vez, viu o que nunca tinha visto em 30 anos neste trabalho: grávidas esventradas.
"Tenho 55 anos, sou pai de 10 filhos, avô de 22 netos. Em vez de estar em casa a festejar com as minhas crianças, estou aqui a discutir se devo usar um ou dois sacos para os cadáveres", conta.
Ao lado de um sobrevivente, Yossi não poupa nos detalhes, mas também sabe apelar à imaginação.
"Ele [o sobrevivente] disse que vieram com granadas e foguetes. Uma coisa que ele não mencionou: também vieram com facas", diz.
A lista de horrores é infindável. Às vezes, Yossi ainda se emociona, mas também conseguiu salvar algumas pessoas: "Num carro, morreram o pai e a mãe. Conseguimos tirar uma bebé de 3 anos da cadeira do carro. Graças a Deus, estava bem. Tirámos a bebé e entregámo-la ao Exército, que tomou conta dela."
Yossi não quer que o mundo esqueça o que aconteceu, mas de um lado e do outro, pelo menos durante muito tempo, parece impossível.