O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, afirmou hoje ter «sérias dúvidas» sobre a legitimidade dos órgãos no poder na Ucrânia, designados após a destituição, no sábado, do Presidente Viktor Ianukovich.
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«Estritamente para falar, neste momento não temos ninguém para falar. A legitimidade de um conjunto de órgãos no poder suscita sérias dúvidas», disse Medvedev, citado pelas agências noticiosas russas.
«Se considerarmos que as pessoas que andam em Kiev com máscaras negras e com [armas automáticas] 'kalashnikov' são o governo, então será muito difícil trabalharmos com tal governo», acrescentou.
Estas declarações de Medvedev são a primeira reação pública de um governante russo à chegada ao poder das forças da oposição ucraniana, após uma crise política que começou há cerca de três meses e que ficou marcada por violentos confrontos.
O primeiro-ministro russo também criticou a atitude dos países ocidentais em relação ao novo poder ucraniano, qualificando o reconhecimento ocidental como uma «aberração».
«Alguns dos nossos parceiros ocidentais consideram que é legítimo. Não sei qual foi a Constituição que leram, mas parece-me que é uma aberração considerar como legítimo o que na verdade é o resultado de uma revolta», concluiu.
A União Europeia (UE) e vários países, como a Polónia, Alemanha, França e os Estados Unidos, reconheceram as decisões do Parlamento ucraniano, que destituiu Ianoukovitch e designou um presidente interino, Olexandre Turchinov.
A crise política na Ucrânia teve origem na decisão de Ianukovich de suspender os preparativos para a assinatura de um acordo de associação com a UE e de integrar uma união aduaneira com a Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão.