As centenas de refugiados que todos os dias chegam a Munique nem sempre conseguem traduzir por palavras uma viagem que, em muitos casos, durou meses. Alguns chegam com família, outros tiveram que deixar tudo e todos para trás. Mas o esforço vale, para esquecer o som dos tiros e das bombas.
Corpo do artigo
Iani, tem 23 anos. Está em Munique há apenas três meses mas parece que chegou há mais tempo. Viajou sozinho, deixou toda a família na Síria, um país onde espera voltar um dia. Mas não para já. Para já guarda com carinho as recordações de uma casa sem guerra, onde foi feliz. Agora, garante com um sorriso, a felicidade está aqui.
Fala em Inglês. Uma ajuda para os que chegam à capital da Baviera e apenas conseguem comunicar em árabe. Iani percebeu a importância dessa ferramenta e tornou-se voluntário. Ajuda outros refugiados com percursos muito parecidos com o dele. Traduz sofrimentos passados, desejos futuros e medos.
É uma cara amiga, numa língua familiar, para os que pisam chão alemão pela primeira vez. Não se arrepende da decisão que tomou, agora quer continuar os estudos que se viu forçado a interromper na Síria, e quer aprender alemão. Mas já sabe dizer "danke schön", porque não se cansa de agradecer todas as vezes que pode aos alemães.
"O milagre alemão" é um conjunto de reportagens que vai poder ouvir na TSF de segunda a sexta-feira, nos noticiário da manhã e, à tarde, depois das notícias das 18h. Um trabalho de Joana de Sousa Dias, como sonorização de Miguel Silva e edição vídeo de Ana António.